Portugal é dos países onde mais pessoas garantem que Deus existe

Portugal é a exceção entre os países da Europa Ocidental na importância que as pessoas dão à religião, não apenas nas suas vidas mas como elemento que define “a identidade nacional”.

Um estudo mostra que 83% dos portugueses inquiridos acreditam em Deus. Destes, mais de metade (44%) não tem dúvidas de que Deus existe, sendo que 38% não assumem a mesma certeza “absoluta”. O relatório, avança o Público, foi divulgado na segunda-feira pelo Pew Research Center.

O estudo resulta de inquéritos a 56 mil adultos em 34 países da Europa Central, Ocidental e do Leste, realizados entre 2015 e 2017. Na Europa Ocidental, foram conduzidos por telefone em Agosto de 2017. Em cada país foram questionadas cerca de 1400 pessoas numa amostra que é representativa da população nacional.

Segundo o estudo, persiste uma Europa dividida no que diz respeito “às atitudes da população face à religião, às minorias e a questões sociais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo”: a Europa Ocidental e o Centro e Leste.

Portugal está na linha com os países da Europa Ocidental no que diz respeito aos muçulmanos. À pergunta “Aceitaria que um muçulmano integrasse a sua família?”, 70% dos portugueses respondem que sim, próximo dos resultados obtidos em Espanha, Bélgica, Suécia ou Dinamarca. Em quase todos os países do Centro e Leste, menos de metade dos adultos afirma o mesmo.

Se a questão for sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, 59% dos portugueses mostram-se a favor. Em todos os países da Europa Ocidental, a maioria da população concorda, mas o sentimento é oposto na Europa Central e do Leste, onde a maioria da população se opõe. Na Ucrânia, Rússia ou Moldávia, menos de 10% declaram aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

No que diz respeito à interrupção voluntária da gravidez, em todos os países da Europa Ocidental seis em cada dez inquiridos mostram apoio, “incluindo países bastante católicos como Irlanda, Itália e Portugal”. Já em vários países da Europa do Leste, como a Polónia, Rússia e Ucrânia, a rejeição é maioritária.

Religião aproxima Portugal dos países de Centro e Leste

São as questões sobre religião que marcam a diferença em Portugal quando o país é comparado com a Europa Ocidental. A questão da crença em Deus é especialmente notada. Portugal é apresentado como o único da Europa Ocidental onde “mais de três em cada dez pessoas inquiridas manifestam ter a certeza absoluta de que Deus existe”.

Apenas em nove países a percentagem de inquiridos que dizem acreditar, de forma “absoluta”, que Deus existe supera a percentagem encontrada em Portugal: Arménia (79%), Geórgia (73%), Bósnia (66%), Roménia (64%), Grécia (59%), Sérvia (58%), Croácia (57%), Moldávia (55%) e Polónia (45%).

Portugal aparece ainda entre os dez países onde as pessoas mais dizem que a religião “é uma componente importante da sua identidade nacional”. Afirmam-no 62% das pessoas inquiridas, o que coloca os portugueses à frente de países católicos como a Itália, Irlanda ou Espanha.

Relativamente à religião como elemento importante para definir a identidade nacional, Portugal está mais próximo da Moldávia, Polónia, Bulgária ou Roménia do que de países da Europa Ocidental, como a França, a Holanda ou a Bélgica, onde a religião é “importante” ou “muito importante” para apenas 32%, 22% ou 19%, respetivamente.

Quanto à importância que tem a religião na vida das pessoas, Portugal identifica-se mais com alguns países como a Croácia, Sérvia, Moldávia ou Roménia do que com os restantes países da Europa Ocidental: 36% dos inquiridos em Portugal assumem a religião como “muito importante nas suas vidas” e 37% dizem que rezam todos os dias. Em Espanha, são 23%, na Itália 21% e em França apenas 11% declaram rezar diariamente.

A Grécia é o país onde mais pessoas dizem que a religião é importante na vida delas (55%). No extremo oposto estão países como a Dinamarca, República Checa ou Estónia, onde os inquiridos apontaram a religião como muito pouco importante nas suas vidas.

Portugal assume a 8ª posição (em 34), posicionando-se à frente de países muito católicos como a Irlanda, a Polónia e de países próximos geograficamente como França e Espanha.