O Financial Times destacou o ambicioso plano de Portugal para travar a fuga de cérebros através da introdução de uma década de benefícios fiscais destinados a jovens trabalhadores.
Num artigo publicado esta quinta-feira, o jornal financeiro destacou a forma como o Governo português procura posicionar o país como um paraíso fiscal de baixa tributação para os jovens, num esforço para travar a sua saída.
O governo planeia reduzir significativamente a carga fiscal sobre os rendimentos de jovens com menos de 35 anos. De acordo com o Financial Times, a proposta prevê uma redução faseada do imposto, começando com uma isenção total no primeiro ano, seguida de isenções decrescentes nos nove anos seguintes.
Portugal é uma das economias mais pobres da Europa Ocidental e tem visto muitos dos seus jovens com formação académica abandonarem o país em busca de melhores empregos no estrangeiro. O jornal destaca que, entre 2008 e 2023, mais de 361 mil pessoas com idades entre os 15 e os 35 anos deixaram o país.
O Financial Times sublinha que os incentivos fiscais do Governo português refletem uma estratégia mais ampla para tornar o país mais atrativo para os jovens profissionais, tanto locais como estrangeiros.
De acordo com o plano, os jovens trabalhadores receberão uma isenção total do imposto sobre o rendimento no seu primeiro ano de trabalho e isenções parciais até 75% nos anos seguintes. Os benefícios fiscais estão também abertos a cidadãos não portugueses.
No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) manifestou preocupações quanto ao impacto destes benefícios fiscais. O FMI questionou se estas taxas preferenciais terão impacto na emigração e falou ainda da potencial pressão sobre as receitas públicas. O custo estimado destas reduções fiscais é de cerca de 650 milhões de euros por ano.
Na página de Instagram do Financial Times, muitas vozes portuguesas fizeram-se ouvir, questionando o destaque dado ao país. “Este artigo do Financial Times não reflete o que está realmente a acontecer em Portugal”, lê-se num comentário. “Este tipo de manchete não corresponde à realidade do meu país”, alerta outro internauta.