A diretora-geral da Saúde disse que Portugal está a olhar para a situação epidemiológica da Austrália, o “grande radar” do hemisfério sul que está agora no seu inverno para prever o que possa acontecer nos meses frios na Europa.
“Tiveram uma primeira onda [de covid-19], conseguiram baixá-la e enfrentam agora uma segunda onda simétrica à primeira”, referiu Graça Freitas esta quarta-feira.
A evolução da doença na Austrália mostra que o cenário de uma segunda onda de covid-19 pode acontecer, mas a responsável máxima da DGS refere que ainda é cedo para tirar conclusões, tal como escreve o jornal Público.
Para já, continuou Graça Freitas, a estratégia epidemiológica portuguesa para combater o vírus no Inverno passa por observar “o hemisfério sul para prever o que vai acontecer no hemisfério norte e o grande país de observação no hemisfério sul é a Austrália”.
“O hemisfério Norte observa muito as doenças sazonais. Quando um vírus novo aparece, tem características sempre diferentes e pode não respeitar a sua preferência por uma estação do ano. É o que está a passar-se com este coronavírus — que, apesar de ser Verão, em Portugal, mesmo com altas temperaturas está presente”, afirmou Graça Freitas, sublinhando que a Austrália serve de exemplo por ser um país “altamente desenvolvido” em termos de sistema de saúde e vigilância epidemiológica.
“O que estamos a assistir na Austrália foi que tiveram uma primeira onda, conseguiram baixar bastante os números e tiveram um período com muitos poucos casos e, neste momento, está de facto a apresentar uma segunda onda que parece até ser simétrica à primeira. Digo parece porque ainda agora começou o Inverno na Austrália. O nosso grande observatório continua a ser este país”, explicou a diretora-geral da Saúde.
O jornal Público refere ainda na sua edição desta quinta-feira que o Inverno australiano arrancou a 1 de junho e foi a partir de meados deste mês que o número de novas infeções por covid-19 voltou a aumentar, levantando questões sobre a possibilidade de o país estar a passar por uma segunda vaga de covid-19 com a chegada do frio.
Governo já prepara inverno
Ao Expresso, fonte do Ministério da Saúde avançou no passado fim de semana que o Governo já está a preparar a estratégia de combate à covid-19 para o Inverno, que terá dois vírus a coexistir – o novo coronavírus e o da gripe – o que poderá sobrecarregar o Sistema Nacional de Saúde e fazer aumentar a procura por testes de despiste à covid-19, uma vez que ambas as patologias têm sintomas iniciais muito idênticos.
A vacinação da gripe sazonal vai ser antecipada logo para o início de outubro, com prioridade para os profissionais de saúde e funcionários de lares. Equaciona-se alargar o seu âmbito gratuito para grávidas e outros grupos de risco ainda não divulgados.
Além disso, o Governo pretende expandir a “rede de laboratórios para diagnóstico do SARS-CoV-2”, cujo investimento rondará os 8,4 milhões de euros, segundo o Ministério liderado por Marta Temida. Pretende-se também assegurar disponibilidade de kits e outros componentes necessários para levar os testes a cabo.
O Ministério quer ainda aumentar o número de camas disponíveis nos hospitais, através de obras de ampliação, e apostar em teleconsultas para doentes não-covid.
O primeiro-ministro, António Costa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, frisaram esta quarta-feira que Portugal deve evitar um segundo confinamento no inverno.
“Há uma coisa que sabemos: Não podemos voltar a repetir o confinamento que tivemos de impor durante o período do estado de emergência e nas semanas seguintes, porque a sociedade, as famílias e as pessoas não suportarão passar de novo pelo mesmo“, disse Costa, referindo o trabalho de adaptação da sociedade “tem de ser feito agora, porque ainda há algum tempo de distância para evitar o pior” no próximo outono e inverno.
“Nós ainda não acabámos de viver um surto pandémico. É verdade que já se fala no próximo surto, mas ainda não saímos do atual. É bom que isso fique claro, que isto às vezes também é muito português: estamos a falar no segundo surto e ainda estamos no primeiro, ainda estamos com mais de 300 contaminados por dia no primeiro”, disse o chefe de Estado, sublinhando que o país não pode descurar da primeira vaga.
ZAP // Lusa
Não há ninguém que diga ao primeiro ministro que deveria dizer “não podemos repetir” em vez de “voltar a repetir”? Voltar a repetir só quando já houve uma repetição anterior. Ora, o confinamento só aconteceu uma vez.
O importante mesmo é que ficámos a saber que não vai haver novo confinamento mesmo que as pessoas caiam mortas na rua. O dilema é que com confinamento não há economia e sem saúde também não.
Isto é mesmo de quem não percebe nada de nada e não faz a mínima ideia do que deve ser feito. Querer olhar para a Austrália?!!! Conhecem por acaso os hábitos culturais dos australianos? Alguma vez viveram na Austrália? Enfim… Vivi em Melbourne 12 anos e acho que não existe qualquer comparação entre aquilo que é a dinâmica social e comportamental dos australianos e a dos portugueses.