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Portugal não usa carvão para produzir eletricidade há 52 dias. É recorde

EDP

Central Termoelétrica de Sines

Para a Zero, este recorde é a prova de que Portugal pode prescindir das centrais de Sines e do Pego sem pôr em causa a segurança de abastecimento de eletricidade.

Portugal não usa carvão para produzir eletricidade há 52 dias. Este número permitiu reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) em quase um milhão de toneladas, indicam as contas da associação ambientalista Zero.

Em comunicado, a associação sublinha que não se queima carvão para produzir eletricidade há 52 dias seguidos nas centrais de Sines e Pego, e lembra que a central de Sines está parada há 100 dias. “Tal conduziu a uma redução inédita e sem precedentes das emissões de gases com efeito de estufa em Portugal.”

Para os resultados, a Zero recorreu aos dados das Redes Energéticas Nacionais (REN) relativos aos meses de março e abril de 2020, comparando-os com o período homólogo de 2019. Assim, a associação calcula um decréscimo de emissões de 960 mil toneladas (370 mil toneladas para o total de março e 590 mil toneladas para o total de abril).

Nos mesmos dois meses houve um aumento de 14,5% de fontes renováveis na produção de eletricidade, comparando com o mesmo período de 2019, passando de 62,6% para 77,1%. A Zero considera ainda “relevante” a quebra no consumo de eletricidade, que atingiu 12% comparando o mês de abril de 2020 com o mês de abril de 2019.

Juntando todos os dados, a associação ambientalista estima que as emissões médias diárias de CO2 associadas à produção de eletricidade tenham descido das 28 mil toneladas/dia de março e abril do ano passado para 12 mil toneladas/dia nos meses de março e abril deste ano.

A Zero ressalva ainda que a pandemia de covid-19 “não tem uma relação direta com estes resultados”, exceto na redução do consumo de eletricidade, e diz que eles se devem acima de tudo a uma consequência dos preços de mercado do carvão, dos custos associados às emissões e à competitividade, e da disponibilidade de outras alternativas, especialmente a eletricidade de fontes renováveis e as centrais a gás natural, mais eficientes que as centrais a carvão.

A associação lembra o fim anunciado das centrais a carvão do Pego (2021) e de Sines (2023), (que “está na prática a ter lugar”), duas responsáveis por uma quantidade significativa das emissões de CO2 de Portugal, emitindo também outros poluentes como óxido de azoto, dióxido de enxofre, partículas e metais pesados.

“As atuais paragens das centrais do Pego e de Sines mostram que é possível a sua retirada do sistema sem pôr em causa a segurança do abastecimento de eletricidade no país”, frisa a Zero, acrescentando que os investimentos para a produção de eletricidade a partir de fontes de energia renovável conseguirão assegurar uma fração progressivamente significativa da geração de eletricidade, “com custos mais reduzidos para o consumidor e sem emissões diretas de gases de efeito de estufa”.

As centrais térmicas existentes de ciclo combinado a gás natural (Ribatejo, Pego, Lares e Tapada do Outeiro) têm permitido substituir o fornecimento de eletricidade das centrais a carvão com muito menores emissões de CO2, realça a Zero.

ZAP // Lusa

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