Portugal teve mais marcas de automóveis do que pensa

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ALBA

ALBA

Ainda que as pessoas não conheçam a maioria delas — ou até nenhuma —, Portugal já teve 11 marcas de automóveis.

Peugeot, Renault e Mercedes-Benz foram as três marcas de automóveis mais vendidas no ano passado, em Portugal. Se alargarmos mais a lista, encontramos nomes como Dacia, BMW, Toyota, Citroën e Volkswagen. O que é que todas estas fabricantes têm em comum? Nenhuma delas é portuguesa.

Embora atualmente não haja marcas portuguesas de automóveis, já as houve — e provavelmente mais do que as que imagina. Aliás, a realidade é que maioria das pessoas nem saberá que havia fabricantes nacionais.

O site Razão Automóvel elaborou uma lista de 11 marcas de automóveis portuguesas. O primeiro carro luso surgiu na década de 1930 e o último veículo “morreu” em 2006.

Alba

O Alba foi um automóvel português da década de 1950. O primeiro foi concebido por António Augusto Martins Pereira, neto do industrial Augusto Martins Pereira. Os veículos eram fabricados nas Fábricas Metalúrgicas Alba, em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro.

Estima-se que foram construídas apenas três unidades do carro com estilo italiano. O motor de quatro cilindros tinha 1.500 cm3 de capacidade e 90 cv de potência. Com uma caixa de quatro velocidade, atingia os 200 km/h de velocidade máxima.

DM

A DM, acrónimo para Dionísio Mateu, nome do seu criador, foi fundada em 1951. O carro tinha um motor de 1.100 cm3 com quatro cilindros que o fazia produzir 65 cv, atingindo uma velocidade máxima de 170 km/h.

Mateu era catalão, mas, quando criou a DM, já vivia há cerca de 30 anos na cidade do Porto.

DM

Edfor

O Edfor foi fabricado em 1937 por Eduardo Ferreirinha. O automóvel contava com um motor V8 da Ford, com 3.620 cm3, 90 cv de potência e velocidade máxima de 160 km/h.

O cineasta Manoel de Oliveira, que na altura era piloto de corridas, também ajudou na divulgação da Edfor, através da realização de uma curta metragem sobre um dos seus mais cobiçados automóveis, o Grand Sport.

Edfor

Edfor

Felcom

Foi também Eduardo Ferreirinha que criou aquele que foi o primeiro carro de competição português, o Felcom.

Era uma junção entre um Ford A, um Turcat-Méry e um Miller. O automóvel foi construído entre 1933 e 1935.

Felcom

Felcom

AGB IPA

Apresentado ao público em 1958, o AGB IPA contava com apenas cinco exemplares. Tinha um motor British Anzani de dois cilindros com 300 cm3 a dois tempos, com aproximadamente 15 cv.

“Um automóvel pequeno, acessível e económico, que pudesse proporcionar a uma franja de mercado de menores possibilidades, um meio de transporte rápido e seguro” foi o conceito que o empreendedor António Gonçalves Baptista usou para criar o carro.

AGB IPA

AGB IPA

Marlei

O Marlei foi autoria de Mário Moreira Leite, que usava o Opel Olympia Caravan como base. O motor de 1.588 cm3 contava com 48 cv e uma caixa de quatro velocidade, que lhe permitia chegar aos 160 km/h de velocidade máxima.

Mário Moreira Leite era mecânico e inspirou-se no veículo da Opel, totalmente destruído, que lhe chegou à oficina. Foi nas suas horas vagas que se dedicou à criação do Marlei, em 1952.

Marlei

Marlei

MG Canelas

O MG Canelas tinha um motor de 1.500 cm3 com quatro velocidades, que o fazia circular a uma velocidade máxima de 195 km/h.

Foi idealizado e construído pelo engenheiro aeronáutico José Jorge Canelas, a partir de um MG Midget TC, e carroçado por António Andrade. Ficou para a história do automobilismo como um dos poucos carros de competição desenvolvidos em Portugal.

MG Canelas

MG Canelas

OLDA

Fabricado em 1954, o OLDA tinha um motor italiano de quatro cilindros, com 80 cv, 1.493 cm3 e caixa de quatro velocidades.

Acrónimo para Oliveira de Águeda, o veículo rapidamente se assumiu como uma referencia nacional de automóveis exclusivamente vocacionados para competição.

Pelas mãos de Joaquim Correia de Oliveira, piloto e técnico do veículo, e de Ângelo Costa, responsável pela preparação dos motores, este carro conquistou a atenção de quem assistiu ao campeonato nacional de velocidade entre as épicas de 1954 a 1956.

OLDA

OLDA

PORTARO

A PORTARO foi uma marca de veículos todo-o-terreno fabricada em Portugal entre 1975 e 1995. Tinha como base uma versão do modelo original ARO 240 4X4, um antigo jipe romeno produzido nas instalações da empresa SEMAL em Setúbal.

A marca PORTARO foi o resultado de uma parceria industrial entre o Estado romeno, que era o proprietário da marca da ARO, e o Governo português.

Em 1990, após ter vendido quase 7.000 veículos em Portugal, a empresa entrou em falência e fechou portas.

PORTARO

PORTARO

Sado

O Sado 550 foi um microcarro desenhado e fabricado, em série, em Portugal, produzido entre 1978 e 1985. Teve elevada incorporação nacional, mas um sucesso de vendas relativo, não tendo sido produzidas mais do que 300 unidades.

Com quatro velocidades, o Sado tinha um motor de dois cilindros com 547 cm3, produzindo apenas 28 cv. A velocidade máxima ficava-se pelos 110 km/h.

Sotheby's

Sado 550

UMM

A União Metalo-Mecânica (UMM) é uma empresa metalúrgica e automobilística portuguesa. Foi fundada a 1977, com o propósito de distribuir e fabricar veículos 4×4 para a agricultura, indústria e serviços.

A empresa obteve bastante sucesso, e conseguiu lançar uma gama original de modelos todo-o-terreno em várias versões em Portugal e 45 países. Entre 1979 e 1989 foram vendidos 12.166 jipes, dos quais 7.778 para o mercado nacional. Em 2006, a empresa retirou-se do mercado.

ZAP //

10 Comments

  1. Parabéns pelo artigo. Bom resumo da história automóvel nacional. Conhecia algumas marcas mas outras nunca tinha ouvido falar. Parabéns!

    • Trabalhei na Fábrica metalurgica Eduardo Ferreirinha & Irmão (EFI), e vi lá o Edfor, o qual era um carro muito bonito!

  2. História de um tempo de Portugueses melhores do que nós. Portugueses que faziam justiça à sua história de empreendedorismo, de saber fazer. De arriscar…

    Os de agora (os Portugueses), abrem mercearias gigantes (acho que lhes chamam supermercados), alojamentos locais e esplanadas e ensinam os filhos a servir cerveja aos turistas.

    Passamos de navegadores e descobridores, a criados de servir.

    • Isso não é verdade e demonstra desconhecimento da realidade empresarial nacional. Em Portugal surgiram nas últimas duas décadas diversas empresas tecnológicas que têm dado cartas a nível mundial. São mesmo várias.

      • Existem mais de 680.000 empresas em Portugal. Quantas dessas são «empresas tecnológicas que têm dado cartas a nível mundial»? 5? 6? 10??

        Falo do tecido empresarial Português como um todo.

      • Tem ideia de quantas empresas tecnológicas é que existem nos EUA com expressão a nível mundial? E sabe quantas empresas é que existem nos EUA? Mais de 30 milhões de empresas das quais mais de 99% são PMEs!
        Obviamente que há muitos mais cafés, talhos, padarias, restaurantes e cabeleireiros do que empresas tecnológicas. Isso é válido tanto em Portugal como nos EUA. No entanto, isso não invalida que existam várias empresas tecnológicas portuguesas a dar cartas a nível internacional. E foi isso que afirmei. O amigo quis enfiar tudo no mesmo saco. Portugal, país de merceeiros. E não é. Nem nunca foi. Sabe quais são os produtos/serviços que Portugal mais exporta (esquecendo o turismo que também entra nas exportações)? O seu comentário, leva-me a crer que não deve saber.

      • Mas o Sr. não respondeu a à questão que lhe foi colocada “Quantas dessas são «empresas tecnológicas que têm dado cartas a nível mundial»? 5? 6? 10??”. Já aprendeu com os nossos atuais desgovernantes? Quando não lhes onteressa responderem, chutam para o lado. Responda, por favor à pergunta que lhe foi colocada pelo comentador AT. Não se esqueça que eata página de comentários serve também para dar informações credíveis a outros leitores e não só para “atacar” uma pessoa que opina com quetões. Faço minha a questão do Sr.AT e nem sequer o conheço.

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