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Portugal é o 4.º país com maior desigualdade económica da UE. Açores destaca-se

istevenxue / Flickr

Rendimento médio caiu, e 21,1% dos idosos portugueses vivem com menos de 632 euros por mês. Sem pensões e subsídios, o cenário seria ainda mais grave: 40% do país estaria em risco de pobreza.

“Em 2023 o rendimento médio por adulto equivalente registou um acréscimo nominal de 4,1%, passando de 1197 euros mês para 1246 euros.

O rendimento médio por adulto equivalente é uma medida estatística que ajusta o rendimento total de um agregado familiar para refletir o número de pessoas que dependem desse rendimento; é o resultado obtido pela divisão do rendimento de cada agregado pela sua dimensão em termos de adultos equivalentes, utilizando a escala de equivalência modificada da OCDE – explica o INE.

Tendo em conta a taxa de inflação registada (4,3%), o rendimento médio das famílias, em termos reais, manteve-se praticamente inalterado”, explica a Fundação Francisco Manuel dos Santo no seu site, onde compara dados de 2010 até 2023.

A Fundação expõe em gráficos os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a partir do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR), realizado em 2024.

Ou seja, o rendimento médio português caiu, já que a sua ligeira subida não acompanha a subida da inflação. A Renascença aponta que a descida de rendimento foi, em 2023, de 3 euros por mês, caindo para os 1246 euros mensais.

No que toca ao rendimento médio mensal, o nosso país é o 10º pior da UE, numa lista em que o Luxemburgo lidera, com 4556,10€ mensais. O último classificado é a Roménia, onde os habitantes auferem em média 593,30€ por mês.

Em Portugal, em 2023, cerca de 1,8 milhões de pessoas estavam em situação de pobreza monetária, isto é, dispunham de um rendimento equivalente mensal inferior a 632 euros. 

De acordo com o estudo, não fossem as pensões e os subsídios sociais, 40% dos portugueses estariam em risco de pobreza.

Taxa de pobreza

A boa notícia é que nas crianças e jovens a taxa de pobreza baixou de 20,7% para 17,8%. Pelo contrário, no caso dos idosos, a taxa de pobreza aumentou: de 17,1% em 2022 para 21,1 em 2023%. Um em cada cinco idosos vivem em pobreza monetária em Portugal.

Ainda assim, e apesar da ligeira diminuição do rendimento médio, a taxa de pobreza na população em geral em Portugal baixou de 17% para 16,6%.

De acordo com o inquérito da ICOR, 15% dos portugueses não são capazes de manter a sua casa devidamente aquecida, 30% não conseguem suportar uma despesa inesperada de menos de 600 euros mensais e 1 em cada 3 portugueses não conseguem passar uma semana de férias fora de casa por ano.

Com tudo isto, aponta a Fundação, em 2023 “o coeficiente de Gini sofreu um desagravamento de 1,8 pontos percentuais, fixando-se no valor de 31,9%” (estava nos 33,7%).

Desigualdade

Este coeficiente avalia a desigualdade financeira dentro de um país, que recorre a uma mediana para apurar a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.

Apesar da subida, Portugal permanece como um dos países mais desiguais da União Europeia (os 10% mais ricos têm rendimentos nove vezes maiores que os 10% mais pobres), situando-se no quarto lugar a contar do fim, apenas melhor do que Bulgária, Lituânia e Letónia.

Onde há menos desigualdades é na Eslováquia, onde a diferença entre os mais ricos e os mais pobres se situa nos 21,6%.

Em Portugal, o arquipélago dos Açores (coeficiente de Gini em 33,8%) era a região com maior assimetria na distribuição dos rendimentos. No Oeste e Vale do Tejo, o problema é menor: a desigualdade financeira não ultrapassa os 28,8%.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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