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Portugal na final da Eurovisão. Meia-final fraca e italianos ignoraram cantoras lusas

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Alessandro Di Marco/EPA

Maro na meia-final da Eurovisão

Turim teve direito a problemas técnicos, bananas e Metallica. Crónica da primeira meia-final do Festival Eurovisão da Canção 2022.

Portugal vai estar novamente na final do Festival Eurovisão da Canção, tal como no ano passado. A primeira meia-final do evento, realizada nesta terça-feira, não vai entrar no currículo do certame. Ou vai, por maus motivos.

Foi ao “som da beleza” de Turim que a meia-final começou, embora a introdução se tivesse transformado rapidamente em “som do rock” – é que o grupo vencedor no ano passado foi Måneskin.

Agora, as actuações.

A ginástica da Albânia inaugurou o menu, que teve direito a toques traseiros pouco Sekret. O estilo mudou a seguir, para uma salada temperada com hip-hop proveniente da Letónia (Eat your salad).

Logo à terceira música, problemas técnicos. Nada de novo em Turim. A meio de uma Lituânia Sentimental, os sentimentos foram abafados porque, de repente, o volume foi reduzido para menos de metade. Aparentemente esta falha não foi audível para quem assistia pela internet – ou seja, para quem ouvia apenas o som do pavilhão, sem comentários.

Um défice que se repetiu durante a canção suíça, logo a seguir. Mas nestes dois casos, Lituânia e Suíça, no palco estava (imagine-se só) uma pessoa a cantar, sozinha. E chegou. Boys do cry foi o lema suíço.

A Disko da Eslovénia teve direito a bola de cristal a fazer lembrar outros tempos. Depois veio a euforia geral, à volta da Stefania, a mãe da Ucrânia. Apesar do abat-jour na cabeça do rapper (que a certa altura quase atingiu a velocidade do Busta Rhymes), o refrão é bonito e fica na memória.

Eis os Metallica lá do sítio; não sabemos se foi essa a Intention da Bulgária, mas parecia. O casaco mais famoso da meia-final veio dos Países Baixos, com apenas um botão (teve de fazer De diepte para caber); o tamanho daquele cabelo loiro até ficou para segundo plano – e a jovem quase chorou, no final. O visual do Trenulețul, da Moldova, foi uma mistura de Alien Ant Farm com Beastie Boys.

Portuguesas ignoradas

Depois, Portugal. Confirma-se que Maro continua com dores no pescoço, enquanto a cor predominante no palco à sua volta prolongava os festejos do FC Porto. Durante o jogo do copo misturado com ritual ancestral, Maro ia olhando para a plateia, a tentar compreender a apatia geral. A realização italiana não ia olhando para as outras cantoras lusas: no início ainda foi possível ver Carolina Leite, lá ao longe; mas depois só Milhanas teve direito a grandes planos. De resto, nunca vimos bem os rostos de Beatriz Fonseca, Beatriz Pessoa e Diana Castro. Nem uma vez, ao longo de toda a Saudade, saudade.

E quando se gostava de alguma música das Spice Girls mas ninguém admitia? Era um Guilty Pleasure, respondeu a Croácia, com o vestido mais vistoso da noite. Como o The Show tem de continuar, seguiu-se a Dinamarca: Maria Guinot? Só no início. Logo a seguir quase vimos Bonnie Tyler no meio de confusão.

Os Aqua da Áustria vieram dizer Halo e antecederam uma fase mais calma, com as irmãs da Islândia (que poderiam ser as The Corrs mas não são) a cantarem Systur e com a Die Together da Grécia – que até teve momentos que são raros, sem acompanhamento musical e bem conseguidos.

Bananas em palco de seguida, com a Give that wolf a banana da Noruega, com direito a partes da letra da música por cima da imagem televisiva (se não foi inédito, foi quase). E o sossego voltou, para fechar: a Arménia recordou a inauguração da Ponte da Arrábida, no seu Snap – mas porque não se ouviu “I’ve got the power!”?

As menos más

No geral, foi uma meia-final fraca, como se ouviu na análise em directo no Instagram logo a seguir ao evento, num espaço que contou com o cantor português Rui Andrade, que já esteve duas vezes no palco da Eurovisão.

Além dos problemas técnicos e da realização quase amadora em alguns momentos, a maioria das canções não era de grande nível. Nem de médio.

Muitos telespectadores terão ficado com dificuldades em elaborar uma lista de 10 canções favoritas, para “colocar” na final.

Entre as menos más, ficam as 10 apuradas: Lituânia, Suíça, Ucrânia, Países Baixos, Moldova, Portugal, Islândia, Grécia, Noruega e Arménia.

Não se sabe quais foram as músicas com mais pontos. Os resultados só serão conhecidos depois da final do próximo sábado.

Antes, ainda haverá a segunda meia-final, na quinta-feira. Com outra qualidade.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

13 Comments

  1. Concordando mais ou concordando menos, esta é a verdadeira crónica do maldizer… e as crónicas têm sempre o peso inerente da opinião do próprio, e já percebi que a ideia foi mesmo essa.

    Opinião válida como será qualquer outra, mas sugiria ao ZAP/AEIOU fazerem a distinção – mais demarcada – das publicações baseadas em factos (notícias) e, como tal, isentas de qualquer opinião subjetiva (aparentemente cada vez mais raro nos meios atuais, verifico), e assim não se confundir com as tais crónicas (algo me diz que muito ‘público’/leitor mistura ambas as coisas…) 😉

    • Caro leitor,
      Obrigado pelo reparo.
      Note no entanto que o artigo abre com o seguinte texto:
      “Turim teve direito a problemas técnicos, bananas e Metallica. CRÓNICA da primeira meia-final do Festival Eurovisão da Canção 2022.”
      Notícia, opinião, crónica, entrevista, são todos géneros jornalísticos. Este artigo é uma crónica.

  2. Gosto muito da canção da Maro mas confesso que ontem achei que começou mal, mais rouca que o normal… de resto acho que as outras meninas deveriam estar todas viradas para o palco e não em circulo pois mais parecia um ritual satânico. Enfim espero que sábado a Maro mostre todo o ar da sua graça e o seu lado mágico e angelical! Todos a fazer figas FORÇA MARO

  3. Caro ZAP,

    Fica aqui o meu ‘mea culpa’ por não ter reparado nessa indicação… (é o que dá ler artigos entre trabalho…)

  4. “Eis os Metallica lá do sítio; não sabemos se foi essa a Intention da Bulgária, mas parecia”… Metallica? Onde? Tinham mais ar de U2 que de Metallica… Enfim!

  5. O que é Moldova??
    Agora os «jornalistas» acham que é moderno meter em inglês também nomes de países???
    Estão cada vez pior

    Antes era o chamarem NOVO Coronavírus ao covid 19 DEZANOVE, agora é Moldova
    Que palhaçada

    • Caro leitor,

      No Código de Redação Interinstitucional da União Europeia, usa-se “República da Moldova” em documentos oficiais para designar o país. O termo “Moldávia”, ainda que não seja incorreto, tem a desvantagem de ser ambíguo, pois refere-se à região geográfica e histórica que, atualmente, engloba territórios pertencentes tanto à República da Moldova como à Roménia e ainda à Ucrânia.

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