Tiago Petinga / LUSA

O presidente da maior associação de imigrantes do país afirmou que Portugal é uma “prisão a céu aberto” para milhares de imigrantes que não têm processos resolvidos e vivem sob a chantagem de expulsão.
Fazendo o balanço de um ano do Plano de Ação das Migrações, anunciado a 3 de junho de 2024, Timóteo Macedo, presidente da Solidariedade Imigrante, faz um “balanço bastante negativo” das políticas migratórias.
O dirigente considera que se entrou “num estado de pânico e desespero, por parte de milhares de imigrantes que têm em cima da cabeça as notificações de abandono”.
Além disso, as “renovações [de documentos] não funcionam e as pessoas estão numa prisão a céu aberto, como é Portugal”, porque não podem ir aos seus países de origem nem resolver questões relacionadas com o reagrupamento familiar, condição essencial para o sucesso da integração.
Hoje, “Portugal tem políticas extremamente severas para com os imigrantes” e “não já a preocupação de melhorar os serviços públicos no sentido de atender” os estrangeiros, de modo a desincentivar quem procura o país.
Plano mudou cenário
No passado, “Portugal era visto como um país que acolhia razoavelmente as pessoas e que tinha as políticas mais avançadas da Europa e isso deveria ser um motivo de orgulho para todos”, recordou o dirigente da associação.
Anunciado em junho de 2024, o Plano de Ação para as Migrações contemplava um leque de 41 medidas que visavam condicionar a chegada de novos estrangeiros.
A principal medida foi o fim das manifestações de interesse – um mecanismo que permitia a regularização de estrangeiros mesmo com visto de turismo, desde que tivesse 12 meses de descontos.
Este recurso, o principal motivo para as pendências existentes, teve um efeito de chamada e trouxe milhares de imigrantes para o país.
Hoje, o fim desse mecanismo e a falta de missões para contratar nos países de origem levou a que a maioria das pessoas que procuram Portugal seja oriunda do espaço lusófono, uma prioridade anunciada pelo Governo.
Cenário atual alimenta máfias
Um anos depois, Timóteo Macedo considera que o cenário atual leva ao alimento das máfias e de muita gente sem escrúpulos”, que se “aproveitam dos vazios legais” ou das regras de contratação, como a Via Verde para a Imigração, que “não estão a funcionar” e só servem “para cobrar mais a quem quer vir”.
Na rede diplomática, “à volta das embaixadas, as pessoas usam e abusam da fragilidade destas pessoas que merecem procurar uma vida melhor”, exemplificou Timóteo Macedo.
“As pessoas nunca vão deixar de lutar pela sua vida e por isso vão entrar de outra forma e as pessoas continuam a entrar”, mas a ausência de mecanismos de regularização “alimenta a exploração e a escravatura moderna” por parte das empresas.
No início de maio foi desmantelada uma rede milionária de imigração ilegal, que tinha uma “toupeira” no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A mulher, que fazia atendimento ao público em Lisboa, foi identificada como uma peça-chave do grupo criminoso, agora desmantelado na chamada “Operação Gambérria”.
ZAP // Lusa
Não sei mesmo o que estão aqui a fazer, têm a liberdade de sair e voltar às suas terras… Portugal nunca teve as políticas mais avançadas da Europa, teve e tem ainda políticas freebie de entrada sem controlo para alimentar essencialmente a restauração e hotelaria. Se fossem mesmo mais avançadas nem metade teriam entrado. ““alimenta a exploração e a escravatura moderna” Bem-vindos ao verdadeiro Portugal, é igual para todos, não têm que se achar especiais.
Interessante verificar como são rápidos a expor as falhas nos seus “direitos>” quando estão no país dos outros, e comem e calam quando estão no seu país.
Não quero com isto dizer que está certo que sejam abusados, ou que tenham que trabalhar mais por menos que os outros, ou…
Mas nos seus países, não lutam por direitos, aceitam os lideres autocraticos ou ditadores. Aceitam sem lutar, a burocracia e corrupção que mina a possibilidade dos seus países levantarem cabeça. Mas por cá, lutam e manifestam-se pelos “seus direitos” algumas vezes, com muito mais direitos que muitos dos nossos idosos.