Portugal é campeão mundial da qualidade de vida para expatriados – aqueles que vivem fora do seu país de origem (por razões de trabalho, estudo ou outras).
A sondagem anual da InterNations, uma comunidade mundial de expatriados, volta a destacar Portugal em várias categorias — o país volta a ser o melhor país da Europa, no ranking geral, como já tinha sido no ano passado, mas desta vez sobe a 1º do mundo na subcategoria “qualidade de vida”.
Mas, apesar do “estilo de vida descontraído”, como destaca um emigrante britânico, o estudo ExpatInsider 2019 também inclui categorias onde Portugal tem espaço para melhorar se quiser subir do 3º para o 1º lugar no ranking geral mundial — teria de ultrapassar Taiwan e Vietname, que ocupam este ano os dois lugares cimeiros.
Além de ser o país com melhor qualidade de vida do mundo, Portugal mantém o primeiro lugar de melhor país para estrangeiros se apenas incluirmos para os países da Europa (que já tinha no ano passado). No ranking geral, onde Portugal é terceiro, também houve uma melhoria: em 2018 Portugal foi sexto, pelo que subiu três lugares.
Com Portugal em terceiro, Vietname em segundo e Taiwan a repetir o 1º lugar, o restante top 10 de melhores países para emigrantes inclui o México (4º), Espanha (5º), Singapura (6º), Bahrein (7º), Equador (8º), Malásia (9º) e República Checa (10º).
De acordo com o Público, a residir em território português estão cidadãos de mais de 100 nacionalidades, mas o país é mais apelativo para brasileiros, britânicos, franceses, norte-americanos e alemães. Em média, estes cidadãos têm 51 anos, 57% são mulheres e 43% homens e 67% estão numa relação enquanto os restantes 33% dizem estar solteiros — alguns inquiridos (cerca de 15%) estão a criar os seus filhos em Portugal.
No que toca às suas carreiras, os expatriados a residir em Portugal são licenciados (39%) ou doutorados (7%), e aqueles que trabalham a tempo inteiro (são apenas 29%) têm um horário laboral de cerca de 40 horas semanais — 14% trabalha em part time e 11% está à procura de trabalho.
Sobre a razão para se terem mudado para Portugal, os expatriados dizem que vieram à procura de uma melhor qualidade de vida (24%), alguns quiseram reformar-se noutro país (15%) e cerca de 10% afirma que se mudou por amor.
Ao Observador, uma emigrante lituana em Portugal, Agne Steponaityte, que trabalha no Porto com a InterNations, explicou que, na sua perspetiva, as principais diferenças entre o seu país de origem e Portugal são “o tempo, as pessoas, que são todas mais baixas do que no meu país, são todas muito abertas, muito amigáveis, parece que toda a gente está pronta para ajudar – o que é muito agradável”. “A comida também é diferente”, acrescenta.
A emigrante lituana considerou que em Portugal “as pessoas são muito acolhedoras, há muitas coisas para fazer e ver, é muito bonito e o clima é ameno.” Para Agne Steponaityte o país “tem tudo”. “Lembro-me que antes de vir para aqui tinha uma lista do que queria de uma nova cidade onde queria viver e quando descobri que tinha uma oportunidade vi que o país preenchia todos os requisitos”, afirma.
Portugal é também um dos melhores para atividades de lazer (2º) nesta subcategoria que ajuda a calcular o índice de qualidade de vida – mais de quatro em cada cinco emigrantes (83%) estão satisfeitos com a socialização e atividades de lazer disponíveis contra 65% a nível global. A felicidade pessoal também fica classificada em 2º lugar.
Ainda dentro do índice de qualidade de vida está a saúde e o bem-estar (7º), a segurança (8º), a vida digital (16º) e as viagens e transportes (16º).
A facilidade de se mudar para o país é o segundo melhor resultado português (4º) – neste índice a subcategoria de “sentir-se em casa” fica mesmo em primeiro lugar.
As restantes subcategorias ficam na sua maioria no top 10 e incluem a afabilidade dos portugueses (3º), a facilidade de fazer amigos (10º) e a língua (21º).
O índice de custo de vida em Portugal fica no 8º lugar entre os 64 países estudados e no índice de finanças pessoais Portugal não vai além do 15º lugar.
No índice de vida familiar, Portugal não vai além do 18º lugar. Ainda assim, fica no top 10 na subcategoria de opções para a educação das crianças (6º), mas fica sempre abaixo dos 10 primeiros nas restantes subcategorias que são a qualidade da educação (16º), os custos da educação (17º), a disponibilidade da educação (17º), o bem estar da família (19º) e, por fim, as opções de cuidados das crianças (20º).
O índice de “trabalhar no estrangeiro” é o que fica pior colocado de todos os índices portugueses. A pior subcategoria é a que está relacionada com as perspetivas e satisfação com a carreira (44º), seguida pela economia e segurança laboral (35º) e pela relação entre trabalho e lazer (20º).
Em Taiwan, tal como em Portugal, os emigrantes estão satisfeitos com a qualidade de vida (3º). É considerado o melhor país do mundo no que toca a custos de cuidados de saúde. 92% dos emigrantes em Taiwan estão contentes com a qualidade dos cuidados médicos e 96% com a sua segurança pessoal. Além disso, 78% concordam que é fácil assentar no país e 88% consideram os locais geralmente amigáveis.
O Vietname ocupa o 2º lugar da tabela. Os estrangeiros no país estão satisfeitos com as suas perspetivas de carreira e os empregos. 81% dos emigrantes no país estão satisfeitos com a sua situação financeira e 75% afirmam que o rendimento disponível do agregado familiar é mais do que necessitam. Já a qualidade do ambiente é avaliada negativamente por 57% dos inquiridos.
No fim da tabela, em último lugar, está o Kuwait (64º), seguido da Itália (63º) e da Nigéria (62º) – são os piores destinos para emigrantes em 2019.
O Kuwait tem sido classificado como o pior país para emigrantes de forma consistente e 2019 não foi exceção. É o país onde há maior dificuldade de integração.
Itália é o segundo pior país do Expat Insider Survey 2019. Menos de dois em cada cinco emigrantes classificam positivamente o estado da economia italiana. A Itália ocupa o antepenúltimo lugar na categoria de finanças pessoais. O bom tempo e o clima é algo que deixa 85% dos inquiridos satisfeitos. Dois terços dos inquiridos dizem ser difícil a adaptação sem falar a língua local.