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Portugal vive uma calamidade, descreve ministra. Alerta durante todo o fim de semana

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Manuel de Almeida / LUSA

Maria Lúcia Amaral, ministra da Administração Interna

Maria Lúcia Amaral dá justificações, admite repercussões irreversíveis e assegura que não vai ao terreno nestas circunstâncias.

A situação de alerta devido ao risco agravado de incêndio foi prolongada até domingo, anunciou esta quinta-feira a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, após uma visita à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

“Perante a adversidade de 22 dias consecutivos de calor intenso não dar sinais de abrandar, o Governo vai prolongar uma vez mais a situação de alerta, até domingo”, anunciou a ministra em declarações aos jornalistas. Maria Lúcia Amaral sublinhou que se mantêm todas as restrições e proibições impostas pela situação de alerta de risco agravado de incêndio.

A ministra destacou que “amanhã (hoje, sexta-feira) as condições serão particularmente adversas e, precisamente por isso, decidimos manter a situação de alerta até ao final do dia de domingo”.

A governante começou por expressar a sua solidariedade e a do Governo para com as populações e os autarcas das regiões afetadas “perante esta calamidade, esta adversidade tão intensa” de “22 dias consecutivos de uma onda de calor ininterrupta”.

Maria Lúcia Amaral considerou que os incêndios que têm afetado o país vão ter “repercussões irreversíveis na vida das populações”.

A ministra deixou também “uma palavra de gratidão” todos os intervenientes no combate aos incêndios, nomeadamente bombeiros, Proteção Civil, sapadores, forças de segurança, autarcas e população, destacando o “cansaço e a exaustão” dos que estão há tantos dia no terreno a combater os fogos. “Apesar do cansaço e exaustão, é preciso manter a vigilância e a luta” por parte das populações e autoridades para evitar novas situações, alertou, afirmando que “é um combate de todos”.

Confrontada pelos jornalistas com queixas de autarcas sobre falta de meios, a governante disse perceber e compreender estas preocupações e as críticas, mas que está no terreno “o maior dispositivo de sempre” no combate aos fortes incêndios que estão a assolar o país.

“Eu compreendo muitíssimo bem todos os apelos que os autarcas têm feito, perante a natureza dramática daquilo que nós estamos a viver é mais que compreensível. Cada autarca, cada titular de poder local eleito é diretamente responsável pelas suas populações nos seus territórios, portanto sente como ninguém a impotência e a aflição que tudo isto provoca”, disse.

A ministra insistiu que o país tem “o maior dispositivo no terreno de sempre” e que os meios no terreno demonstram que “o país está a responder (…) de uma forma unida”, ainda que reconheça a possibilidade de alguma descoordenação no terreno.

“A descoordenação… Ninguém está imune a ela. Num esforço tão grande quanto este, pode ocorrer e ocorrerá inevitavelmente, porque tudo é extraordinariamente complexo”, disse Maria Lúcia Amaral.

A governante explicou que ainda não foi – nem vai – ao terreno porque não quer “prejudicar” o combate aos incêndios. “A partir de 2017, foi fixada a doutrina (de não ir). É por isso que ainda não fui. Não fomos, não vamos, nestas circunstâncias”.

Depois de, nesta quinta-feira, o secretário-geral do PS, e ex-ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro ter defendido a ativação da situação de contingência para assegurar todos os meios disponíveis no combate, a ministra rejeitou a necessidade, por questões práticas.

“Aquilo que concluímos até agora é que a diferença, que é uma diferença jurídica, desde logo do quadro da Lei de Bases de Proteção Civil, entre a situação da alerta e a situação de contingência, implicaria apenas ter a possibilidade de mobilizar mais meios, até ao nível municipal, que neste momento já estão mobilizados. Devido, aliás, ao esforço conjunto de todos os autarcas. É por isso que no plano prático não sentimos a necessidade de transformar a natureza da decisão”, disse.

A ministra da Administração Interna recusou ainda considerar demitir-se face à situação de incêndios florestais que assola o país, afirmando que não vai “trair o juramento de lealdade” que fez quando tomou posse. “Há dois meses prestei um juramento. Foi um juramento de lealdade. Não vou trair o juramento de lealdade dois meses depois, apresentando a minha demissão ou pensando em demitir-me”, disse Maria Lúcia Amaral.

Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio desde 2 de agosto e nas últimas semanas têm deflagrado vários incêndios no norte e centro do país que já consumiram mais de metade dos cerca de 75 mil hectares de área ardida este ano.

Aviso laranja

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera estendeu hoje até às 18:00 de domingo o aviso laranja, o segundo mais grave, em sete distritos por causa do calor.

De acordo com um comunicado do IPMA, o aviso laranja vai estar ativo em Bragança, Évora, Guarda, Faro, Beja, Castelo Branco e Portalegre até às 18:00 de domingo, devido à “persistência de valores muito elevados da temperatura máxima”.

Em Vila Real e Viseu, o aviso laranja vigora até às 00:00 de sábado, baixando depois para amarelo, o menos grave de uma escala de três.

Também sob aviso amarelo devido ao calor estão até às 18:00 de hoje os distritos de Leiria e Coimbra, enquanto Santarém se prolonga até às 18:00 de sábado e em Setúbal até às 18:00 de domingo.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. A “CALAMIDADE” continua a acontecer anos após ano, piorando a cada vez. E que esforços é que vemos para evitar que tudo isto arda ? Em vez de prevenir, vai-se remediando mas sem remédio, e fica o apagar dos fogos cada vez mais complicado e dispendioso. Não temos meios, não temos canadairs, nem sequer a sucata chamada Kamov, só temos o sacrificio dos bombeiros heróis e pouco mais. Passado este ano, “veremos” o que acontece no próximo, e é assim que os nossos “governantes” governam, sem tempo para o que realmente importa, porque estão demasiado ocupados em rinhas partiárias e pessoais. Por favor, respeitem-nos e não me venham agora com ganidos e lágrimas de crocodilo.

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