País aproximou-se das 5 milhões de pessoas empregadas, um novo máximo histórico. No entanto, nem tudo são boas notícias — os contratos a prazo e outros precários com situações atípicas foram responsáveis por 79% dos 110 mil empregos dependentes criados num ano.
O mercado de trabalho em Portugal apresentou dinâmicas algo surpreendentes no segundo trimestre do ano, segundo os dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e partilhados pelo Jornal de Negócios.
O país aproximou-se das 5 milhões (4,97 milhões, para ser exato) de pessoas empregadas, alcançando, assim, um novo máximo histórico. O recorde de empregabilidade é encorajador, mas também se revela algo enganador — a maior parte deste aumento é atribuída ao trabalho por conta de outrem, uma vez que o emprego por conta própria até caiu e os contratos precários empurram este aumento.
Os contratos a prazo aumentaram 12,2% e outros mais precários com situações atípicas subiram 17,6%. Estes contratos, que representam menos de um quinto do total, foram responsáveis por 79% dos 110 mil empregos dependentes criados num ano. O aumento homólogo de contratos não permanentes foi de 13%, o maior desde o início da série em 2011 — são agora 17,8% do total.
O setor de alojamento e restauração e as atividades administrativas e dos serviços de apoio tiveram os maiores aumentos de emprego, com crescimentos de 28,8%. Em números absolutos, esses setores contribuíram com um acréscimo de 74 mil e 42 mil empregados, respetivamente.
Por outro lado, verificou-se uma diminuição do emprego entre especialistas das atividades intelectuais e científicas (-108 mil) e uma queda no emprego na educação e administração pública (menos 66 mil e 39 mil empregos líquidos, respetivamente).
Emprego sobe mais entre jovens e menos qualificados
O emprego subiu mais entre os jovens (18,7%) e os menos qualificados (+10,6%). No entanto, o desemprego entre os jovens também… subiu. Além disso, o emprego a tempo parcial aumentou acentuadamente (4,6%) em comparação com o trabalho a tempo inteiro.
A taxa de desemprego ficou nos 6,1%, uma queda face ao primeiro trimestre mas acima do que foi registado há um ano. O rendimento mensal médio líquido aumentou 5 euros num ano, para 1.044 euros mensais.
Os dados também mostram uma redução significativa no número de licenciados (-8,1%), um fenómeno que o INE explicou como uma possível sobreavaliação durante a pandemia de covid-19, agora em reversão. No entanto, muitas dúvidas permanecem, e o grau de sobreavaliação e os potenciais efeitos em outros indicadores não foram totalmente esclarecidos.
Isto significa que a situação do desemprego em Portugal é gravíssima.