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Portugal vai acolher, para já, 50 refugiados do Afeganistão

António Cotrim / Lusa

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva

Numa fase “mais imediata”, Portugal vai acolher 50 refugiados afegãos, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, esta terça-feira.

Para já, numa fase “mais imediata”, Portugal vai acolher 50 refugiados afegãos. O número foi avançado, esta terça-feira, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

“Temos a obrigação de proteger e salvaguardar a vida de muitos milhares de afegãos que colaboraram com as forças internacionais, como tradutores e intérpretes, que têm a sua segurança posta em perigo, e nós devemos protegê-los”, disse o governante, à TVI24.

Vamos receber imediatamente“, revelou o ministro. “Portugal está disponível para colaborar neste primeiro esforço.”

Logo no domingo, Portugal mostrou-se disponível, no quadro da União Europeia (UE), a acolher 20 afegãos. Esta terça-feira, no quadro da NATO, o Governo português assumiu que pode receber mais 30 cidadãos de imediato.

A TVI24 escreve que, só numa fase posterior é que Portugal e outros estados-membros avançarão para um maior número de acolhimentos, alargando-os a outros cidadãos afegãos.

Sobre a evolução da situação no Afeganistão, o ministro português mostrou-se prudente. “Os talibã têm de demonstrar que temos de acreditar neles, o que não aconteceu nos últimos 20 anos.”

“Têm dito que são muito diferentes do que eram há 20 anos, que respeitam os direitos das mulheres, que querem fazer um Governo inclusivo, mas têm de o demonstrar. Por agora só são palavras. Os líderes políticos afegãos têm de encontrar soluções para a formação desse governo inclusivo”, insistiu.

Numa conferência de imprensa a partir de Cabul, esta terça-feira, os talibãs quebraram o silêncio e falaram pela primeira vez desde que assumiram o controlo do Afeganistão.

Zabihullah Mujahid, o seu porta-voz, assegurou que o território não será usado para cometer ataques contra pessoas ou países e, em relação ao futuro das mulheres, adiantou que serão autorizadas a trabalhar e a estudar.

Entretanto, o vice-Presidente deposto afegão, Amrullah Saleh, declarou-se Presidente legítimo do país, devido à fuga do ex-chefe de Estado, e prometeu não se submeter aos talibãs.

O antigo chefe dos espiões do país, inimigo dos islamistas que tomaram o poder, retirou-se para a última região ainda não controlada pelos talibãs: o Vale Panchir, a nordeste da capital.

“Segundo a Constituição afegã, em caso de ausência, fuga, demissão ou morte do Presidente, o primeiro vice-Presidente torna-se o Presidente em exercício. Estou atualmente no meu país e sou o Presidente em exercício legítimo. Apelo a todos os líderes para apoio e consenso”, escreveu na sua conta do Twitter.

“Não vou dececionar os milhões de pessoas que me ouviram. Nunca estarei sob o mesmo teto que os talibãs”, escreveu no domingo, pouco antes de se esconder.

Liliana Malainho, ZAP //

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