O projeto para o novo porta-drones da Marinha pode derrapar até 34 milhões de euros. Henrique Gouveia e Melo culpa a inflação galopante.
Henrique Gouveia e Melo, Chefe do Estado Maior da Armada antecipou que a Marinha ia ter um navio para operar drones aéreos, subaquáticos e de superfície. Em entrevista ao jornal Público, em maio do ano passado, Gouveia e Melo revelou que a construção do navio ia acontecer nos próximos três anos.
“É um navio que representa um salto tecnológico muito elevado, em que estamos a tentar atrair a indústria portuguesa e a academia portuguesa, o conhecimento português, para desenvolver, para que no futuro esses navios possam ser mais complexos, que venham a substituir as futuras fragatas e, sejam simultaneamente, uma oportunidade de negócio para a indústria nacional e para o nosso conhecimento tecnológico”, disse, na altura.
O projeto foi aprovado nesse mesmo mês pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), num valor de 94,5 milhões de euros. Na resolução do Conselho de Ministros de 24 de maio que autoriza a despesa de 94,5 milhões de euros dividida por três anos até 2025.
O concurso para o projeto orçado em 110 milhões de euros teve início a 20 de junho de 2022, encontrado-se um candidato pré-qualificado, mas que não submeteu qualquer proposta. Como escrevia o Diário de Notícias em dezembro do ano passado, o concurso para o porta-drones “ficou deserto”.
Esta terça-feira foram apresentados, no Arsenal do Alfeite, os projetos da Marinha financiados pelo PRR. O destaque foi precisamente para o porta-drones, cujo custo inicialmente previsto de 110 milhões de euros pode derrapar 30% para os 144 milhões de euros, devido à inflação.
“O projeto foi idealizado em 2020, com um determinado figurino financeiro, antes da inflação”, explicou Gouveia e Melo, citado pelo Expresso. “O aço subiu para três vezes mais, a energia quase para o dobro e o navio tem muita incorporação de aço e energia. As coisas têm de ser readaptadas, estamos a fazer essa readaptação e nada nos indica que o projeto não terá sucesso”.
“Temos de fazer o nosso papel que é beneficiar o Estado, e reduzir o custo o mais possível, para que se tenha também o objetivo final que é o navio. E estamos convencidos que o vamos conseguir fazer com o dinheiro que existe”, disse ainda o Chefe do Estado Maior da Armada.
O secretário de Estado, Marco Capitão Ferreira, garante que o projeto não está atrasado, visto que “o prazo de execução do PRR é final de 2026”. A Marinha planeia que o projeto fique concluído “seis meses antes do limite”.
Segundo o governante, o derrape de 30% “é uma estimativa da Marinha para fazer face ao facto de o concurso pelo valor base ter ficado deserto. Mas é uma mensuração e uma matéria que não está fechada”.
O candidato pré-qualificado ao concurso que acabou por não apresentar proposta foi a West Sea, acionista dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
“Obviamente que gostaria que fosse em Viana”, admitiu Marco Capitão Ferreira, que espera que a empresa também tenha capacidade de assumir riscos. “Não gostaria que fosse noutro sitio, só que isso implica um salto tecnológico” e “a indústria tem de estar disposta a arriscar connosco”.
Já estão a tentar fazer a cama ao Almirante. Pois… se ele se candidata a Presidente da República arrisca-se a ganhar.
Mais um projecto…que vai derrapar! Neste país não se respeita um Orçamento? Ou não se sabe fazer um Orçamento…?
Fazer um orçamento de um navio não deve ser muito fácil. Principalmente se não se sabe bem, ou não há esse interesse em saber que tipo de equipamento vai usar.
Podem fazer-se orçamentos esquecendo-se de incluir alguns componentes, como foi o caso das baterias das embarcaçoes, adquiridas recentemente, para navegarem no Tejo!!. Talvez dêem jeito a alguém estes esquecimentos!