Porque nunca encontraremos um dinossauro congelado, mas existem dinossauros mumificados

Quem adora tudo o que envolve dinossauros, certamente um dia gostaria de encontrar ou que fosse encontrado um dinossauro inteiro congelado no permafrost, como os mamutes, rinocerontes lanudos e lobos encontrados na Sibéria e no Canadá.

Infelizmente, nunca encontraremos um dinossauro congelado. Segundo o IFL Science, quem o confirma é Susannah Maidment, investigadora sénior na divisão de Vertebrados, Antropologia e Paleobiologia do Museu de História Natural, em Londres.

A mumificação é frequentemente associada ao Antigo Egito, mas pode ocorrer naturalmente quando o ecossistema de decomposição é impedido de fazer o seu trabalho.

Os antigos faraós, que governaram há milhares de anos, eram mumificados propositadamente, mas já foram encontrados corpos mumificados em pântanos e outros cadáveres que se mumificaram naturalmente — por vezes, numa questão numa questão de dias.

No caso dos dinossauros mumificados, não se trata de um termo formal, mas foram encontradas espécimes com características mumificadas.

“Quando as pessoas dizem ‘múmias de dinossauro‘, tendem a falar destes dinossauros que estão totalmente envoltos em pele, e por isso a sua pele preservou outros tecidos moles”, disse Maidment.

Por vezes encontramos dinossauros com penas, mas normalmente não os classificamos como múmias. Portanto, não é a preservação dos tecidos moles, por si só. Penso que é esta ideia de que temos a carcaça envolva em pele, que é o que as pessoas tendem a designar por múmia, mas é um termo informal”.

Os fósseis de dinossauros com tecidos moles intactos são uma descoberta muito excitante para os palentólogos, mas são raros quando comparados com os achados baseados em ossos. Encontrámos tiranossauros com conteúdo estomacal e um psitacossauro com o primeiro orifício do rabo de dinossauro descrito, mas os favoritos de Maidmente são os anquilossauros.

“Eu trabalho com dinossauros blindados e há cerca de três ou quatro anquilossauros que estão preservados de uma forma que se pode dizer que são múmias”, disse a investigadora. “Há um muito famoso que foi encontrado há alguns anos no Canadá, chamado Borealopelta, que tem todos os seus pedaços no sítio certo, e há alguns vídeos fantásticos dele online onde se pode rodar. É muito fixe”.

“Eu não vi esse, mas temos um no Museu de História Natural que foi encontrado no início do século XX e chama-se Scolosaurus cutleri. Na verdade, falta-lhe a cabeça, mas está na galeria dos dinossauros e pode ir vê-lo”.

“Está de lado e, se olharmos para as costas, tem todas as suas escamas ainda no sítio, porque tem um armadura nas costas. Depois, se dermos a volta para o outro lado, podemos ver a cavidade do estômago. Desse lado, podem ver-se os membros e o esqueleto”.

Quando um animal morre, são as partes duras que têm mais hipóteses de sobreviver. O ecossistema da decomposição tem muitas vias de ataque, desde bactérias microscópicas prontas para transformar o cadáver numa tenda de circo, até à macrofauna que pode espalhar membros inteiros por todo o lado.

O que resta tem uma hipótese de ser preservado no registo fóssil, mas a realidade é que, para a maior parte da vida na Terra, simplesmente desaparece”.

“Para a grande maioria dos animais que já viveram, nem mesmo as suas partes duras permanecem”, disse Maidment. “O processo de fossilização é muito raro, mas por vezes temos coisas como a pele e outros tecidos moles, como as penas, preservados. Normalmente, isso requer um conjunto único de condições de enterramento, muitas vezes um enterramento muito rápido”.

“Alguns animais [dos mais bem preservados] caíram em lagos ou foram vencidos por dunas de areia, como no caso dos famosos dinossauros do deserto de Gobi. Estes são os tipos de processos de que precisamos para que as partes moles sejam preservadas”.

Porque é que nunca encontraremos um dinossauro congelado na Antártida


Em primeiro lugar nunca foi encontrado nenhum T. rex fora da América do Norte, mas principalmente “porque o gelo simplesmente não é assim tão antigo”, disse Maidment. “A Antártida não foi permanentemente glaciada até há cerca de 30 milhões de anos e, embora pudessem ter existido camadas de gelo, estas teriam surgido e desaparecido. O mesmo acontece com os mantos de gelo do hemisfério norte”.

“Os animais que estamos a encontrar na Sibéria são todos uma ordem de grandeza mais novos [do que os dinossauros]. Os mamutes só morreram há 4.0000 anos. Os dinossauros extinguiram-se há 66 milhões de anos. Não temos gelo tão antigo, por isso não vamos encontrar um dinossauro preso no gelo”.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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