Por que razão os mapas têm o Norte em cima?

5

ArtCantHurtU

Em todos os mapas que conhecemos, o Norte está no topo. O Sul está lá para baixo. Por que motivo se convencionou esta orientação — que é, aliás, uma evolução relativamente recente?

Já sabemos que os mapas nos mentem há séculos, e que o Mapa Mundo do futuro pode ser vertical (com Portugal numa pontinha).

Mas por que motivo é que nos mapas que conhecemos o Norte está para cima, e o Sul para baixo?

Na realidade, não tinha que ser assim, e acontece até que ao longo da história da Humanidade nem sempre assim foi.

No seu mais recente vídeo no canal “Map Men” no YouTube, os comediantes Jay Foreman e Mark Cooper-Jones explicam por que razão o Norte é atualmente convencionado como “acima” em quase todos os mapas do mundo.

Por uma questão de legibilidade, qualquer mapa tem que ter um “topo” e um “fundo”. Mas o ponto cardeal que ocupa a posição cimeira não tinha que ser o Norte.

Algumas civilizações antigas colocavam tradicionalmente no topo do mapa o Leste, que simbolizava a luz e a felicidade, enquanto o Norte representava a escuridão e o mal.

Os egípcios optaram no entanto por colocar o Sul no topo dos mapas — uma decisão estranha, dada a sua adoração pelo Sol, que nasce a Leste. Segundo alguns historiadores, os pragmáticos mapas egípcios apontavam para a direção da nascente do Nilo, fonte de vida.

A maioria dos mapas europeus manteve esta orientação com o Leste no topo até ao século XV. A “promoção” do Norte para o topo dos mapas começou durante a Era dos Descobrimentos, quando os navegadores começaram a usar bússolas.

Embora a bússola tenha sido inventada pelos chineses, que originalmente a projetaram para apontar para o Sul, os europeus já usavam a Estrela do Norte para navegação há muitos anos. Esta familiaridade levou-os a continuar a usar o Norte como principal ponto de navegação, ao usar a nova ferramenta.

O uso generalizado de bússolas e outras inovações de navegação ajudaram então a propagar globalmente a orientação do mapa com o Norte para cima.

Mas entretanto, uma evolução tecnológica mudou tudo outra vez. Nos tempos que vivemos, em que os mapas em papel se tornaram obsoletos e o uso dos GPS se popularizou, o que é que temos agora “para acima”? Como qualquer utilizador do Waze muito bem sabe.. é o nosso destino, qualquer que seja ele.

Assim, a perceção do Norte como ‘acima’ nos mapas é uma construção social mais do que uma convenção baseada em factos científicos, e pode mudar com a evolução dos paradigmas ao longo do tempo.

Para terminar em beleza, uma reflexão metafísica: se os nossos mapas mostrassem o Sul no topo, chamaríamos a esse topo “sul” ou “norte”? Uma questão que deixa com certeza os nossos leitores… desnorteados.

Armando Batista, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

5 Comments

  1. Este é o tipo de mudança que com certeza não teria sentido pratico que não quebrar a nossa orientação natural. Imagina a quantidade de pessoas perdidas e até mesmo risco para a navegação, acidentes aéreos, etc.
    è um simples convenção já absolvida pelos cérebros de todos.

  2. Isto de confundir as referências quando elas estão tão bem sedimentadas só serve para baralhar e tornar a dar não sei com que conspirativas intenções…
    É tal qual a grande querela social do momento onde os dois géneros biológicos naturais já não valem para nos distinguir, apenas os N géneros filosóficos numa abrangência de tudo que todos acaba confundindo, não sei também com que conspirativas intenções…
    Há coisas que só se devem mexer quando estudadas e decididas por gente capacitada para o fazer com vantagem e não a ditadura das opiniões alienadas das redes sociais, como também esta aqui do norte e sul ao contrário…
    Vão gastar o tempo utilmente!

  3. É uma questão de métrica padrão. Tal como o M. Serra disse, esta é uma questão de semântica e não de ordem prática. As medidas estão convencionadas precisamente para minimizar erros de todo o género. Quem não tem isto em mente está alienado de tudo o que está à sua volta e constroi um mundo de regras para se servir a si próprio. O exemplo do waze representa isso mesmo, um vetor que serve cada indivíduo de forma diferente dependendo da viagem que está a fazer.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.