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Os mapas mentem-nos há séculos (e estes dois mostram como)

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Presume-se que os mapas são uma fonte fiável de informação objetiva, mas por trás da sua criação há decisões subjetivas determinam o que ele deve incluir ou omitir. Há dois mapas feitos com a diferença de um ano que mostram como a cartografia é persuasiva.

A verdade é que todos os mapas mentem, sendo a sua primeira grande mentira a representação plana da Terra, que contraria diretamente o facto que dita que a Terra é redonda.

Uma vez que o mundo em que vivemos tem três dimensões e os mapas são representados em apenas duas, estas representações planas provocam um efeito de distorção que faz com que os países mais próximos da linha do equador aparentem ser mais pequenos nos mapas.

O nosso típico mapa mundial, baseado no cartógrafo europeu Geert de Kremer, que o projetou no século XVI, distorce o verdadeiro tamanho de vários países, deixando o Ocidente numa posição favorecida.

África, por exemplo, acaba por ser o maior derrotado neste cenário.

Infographic: The True Size of Africa | Statista

Na verdade, tudo depende da escolha do centro do nosso mapa, uma decisão tomada pelo seu criador.

É necessário ter em conta que nem toda a cartografia é feita para comunicar informação geográfica. De facto, há centenas de mapas ao longo da história que remetem para a cartografia persuasiva — mapas que têm o principal objetivo de influenciar opiniões ou crenças.

Segundo a Divisão de Coleções Raras e Manuscritas da Universidade de Cornell, “um mapa nunca proporciona, de facto, uma perspetiva objetiva da realidade”, uma vez que o seu criador tem sempre de decidir as cores que usa, o que inclui ou exclui da obra ou até decidir que texto e imagens usa.

A subjetividade da cartografia remete para a mentira, e a simples distorção da Terra não é a única mentira que os cartógrafos nos contaram.

Um mundo, dois diferentes mapas

Segundo o portal Big Think, há dois mapas que remetem aos dias da Guerra Fria que, quando postos lado a lado, ilustram na perfeição esta visão espelhada.

Feitos com uma diferença de um ano, os dois mapas mostram a mesma parte do mundo e incidem sobre o mesmo tema — a oposição entre os universos capitalista e comunista. No entanto, as suas perspetivas não podiam estar mais distantes, algo que se deve às perspetivas subjetivas dos seus criadores.

O mapa representado acima, publicado a 2 de janeiro de 1950 na revista Time, realça a dimensão da União Soviética, com a sua ameaçadora foice e martelo convenientemente colocadas em destaque na região soviética. O mapa procura sensibilizar os leitores da afamada revista para a força e o tamanho da oposição, que assim impõe a sua influência pelo mundo fora.

Mas o lado comunista, claro está, não partilha da mesma mentalidade. O seu mapa — mais especificamente, um poster publicado em 1951 pelo Partido Comunista Francês — ilustra um ataque à União Soviética e aos seus aliados, com setas na sua direção.

Cornell University – PJ Mode Collection of Persuasive Cartography

Voici les Bases Americaines dans le Monde: Que est l’agresseur? Qui Menace? (Here Are the American Bases Throughout the World: Who is the Aggressor? Who the Threat?) – 1951

No mesmo mapa, evidentemente mais letrado, leem-se duas descrições muito distintas sobre o comportamento dos dois lados opostos no conflito.

Se por um lado, “dois milhões de americanos estão a preparar-se para a guerra fora da América em todos os países do mundo, com as suas equipas, as suas frotas, os seus tanques e os seus aviões”, por outro, “desde a derrota de Hitler, nenhum soldado da União Soviética ou nenhuma das ‘democracias do povo’ disparou um único tiro fora das fronteiras do seu país”, lê-se no mapa comunista.

Se num mapa vemos representado o crescente contágio comunista — que se espalha a partir da sua base, a Rússia, com direção ao Mundo Livre — no outro vemos o Paraíso dos Trabalhadores a ser atacado, por setas representativas das forças inimigas ocidentais que ameaçam o socialismo. 

Dois mapas que representam o mesmo mundo e que desencadeiam posições muito diferentes.

Tomás Guimarães, ZAP //

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6 Comments

  1. Aqui flertam com a idiotice do mapa plano “beneficiar” a Europa em tamanho. A única razão disso é os mapas terem sido criados para navegar, só com esta distorção o nordeste é sempre a 45º.

    • Cartas para navegar são um tipo de cartografia. O artigo não trata desse tipo de mapa. Os mapas tipo mapa Mundi, todos eles, como disse o autor do artigo têm uma intenção. Cada mapa tem um objetivo, veja por exemplo, um mapa turístico. Mas a maioria das pessoas desconhece esse fato. Consulte documentos cartográficos para melhor compreender o que quis dizer o autor do artigo ou aprofundar. se, é um tema muito interessante .

  2. Para fazer um plano de voo ou um plano de navegação marítima a Projeção de Mercator, que dizem privilegiar a Europa, ainda é a mais eficaz em termos de mapas planos. Porque planos? Porque é mais fácil de transportar e de desenhar em tamanho e escala. Por que da distorção aumentando os países do extremo norte e sul (neste caso beneficiando também a Rússia, a Antártida, em partes a Austrália, Argentina…), se da pela forma como o mapa é projetado de um globo a um plano.

    Fora isso, me desculpe… mas essa mania de “politizar” tudo é coisa de quem não tem mais o que fazer e se ocupar na vida.

  3. Que estupidez! Estamos no séc 21 e ainda andam a julgar sem usar as ferramentas. Temos satélites no ar! Africa nao é nada maior do que nos dizem! Ate se comprova ser mais pequena! Europa tem mais área de costa que toda africa, a asia tem a maior distância da terra ao mar, o Brasil é bem menor do que o mapa mostra! A maior área de terra unida por uma pedra única é a placa euro-asiatica e de longe o maior continente da Terra! 2x a africa! Abram os olhos e deixem de mentir como neste artigo! Pq os menos inteligentes vao acreditar nesta mentira que aqui contam! Vai ao Google porra! Deixem-se de historias e usem as ferramentas!

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