Deixar acabar por completo a carga da sua bateria é um erro — evitá-lo preserva o seu telemóvel. Mas um novo problema surge no horizonte: chama-se níquel.
As baterias de iões de lítio com cátodos de níquel-manganês-cobalto (NMC) constituem 50% do total do mercado de carros elétricos, e estão presentes em peso em telemóveis, computadores portáteis e muitos outros objetos eletrónicos.
Muitas vezes estamos fora de casa e com pouca bateria. Preferimos usá-la toda enquanto podemos, ou porque precisamos muito de enviar uma mensagem ou consultar uma informação, ou simplesmente pela máxima de “quando acabar acabou”. Fique sabendo: essa máxima é, quando falamos de telemóveis, muito mais prejudicial do que pensamos.
É errado acabar com a bateria toda: deve sim ter sempre um pouco de reserva para que o telemóvel não “vá abaixo”. Porquê?
Quando as baterias ficam sem carga, dá-se um fenómeno chamado “reação de quase-conversão” na superfície do cátodo. O oxigénio sai e combina-se com o lítio presente na bateria, formando o óxido de lítio (Li2O). Assim explica a IFLS.
Esta componente é problemática porque reagem com eletrólitos à base de carbonato e produz gases que já conhecemos por maus motivos, como o monóxido de carbono, o metano ou o não tão infame hidrogénio, que danificam a bateria.
Mas a história não se fica por aqui: tende até a piorar. Ora, devido a questões ambientais e de direitos humanos, o cobalto (extraído essencialmente da RD Congo, um lugar de conflitos bélicos prolongados) está gradualmente a ser substituído por níquel. Só que isto também é um problema.
O níquel é na verdade ainda mais suscetível a este fenómeno. Uma bateria com 90% de níquel (ainda uma quantidade muito acima do normal no mercado) que foi descarregada repetidamente manteve apenas 3,8% da sua capacidade após 250 ciclos.
Um ciclo é uma utilização de 100% (não necessariamente de forma seguida) da carga de um dispositivo. Um telemóvel normal costuma aguentar entre 500 a 600 ciclos até a sua bateria começar a ficar desgastada.
As complicações que surgem com o descarregamento têm sido pouco faladas, mas um novo estudo publicado em janeiro na Advanced Energy Materials aponta para estes problemas.
“O impacto da descarga — o processo real de utilização de uma bateria — tem sido largamente ignorado até agora”, afirmou o autor Jihyun Hong num comunicado. “Esta investigação apresenta uma direção importante para o desenvolvimento de baterias mais duradouras”.