Conservador e eurocético: Karol Nawrocki vence presidenciais polacas

Tomasz Warszewski / Depositphotos

O novo presidente da Polónia Karol Nawrocki

O conservador Karol Nawrocki venceu a segunda volta das presidenciais de domingo na Polónia, com 50,89% dos votos, contra 49,11% do rival, o liberal Rafal Trzaskowski, após o escrutínio da totalidade dos votos.

Numa disputa muito renhida, na segunda volta deste domingo, a Polónia elegeu Karol Nawrocki como novo presidente.

O anúncio oficial só foi feito na madrugada desta segunda-feira, pela Comissão Eleitoral Nacional, após um escrutínio de várias horas.

A corrida presidencial, fortemente disputada, manteve os polacos em suspenso desde a primeira volta há duas semanas, ansiedade que se prolongou longo da madrugada de hoje, revelando divisões profundas no país, flanco oriental da NATO e da União Europeia.

Uma primeira sondagem à boca da urna divulgada no domingo à noite sugeria que Rafal Trzaskowski estava a caminho da vitória.

Porém, horas mais tarde, as sondagens atualizadas começaram a inverter o cenário. E o vencedor da noite foi o historiador e pugilista amador Karol Nawrocki.

Karol Nawrocki, de 42 anos, obteve o apoio do principal partido da oposição Lei e Justiça (PiS, conservador) e da Administração norte-americana.

Eurocético apoiado por Trump

O resultado indica que a Polónia deverá seguir um caminho mais nacionalista sob o comando do seu novo líder, que foi apoiado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Além de criticar a adesão da Ucrânia à União Europeia e à NATO, o Presidente eleito da Polónia, a disse recentemente que pretende reduzir a ajuda aos refugiados ucranianos em território polaco.

Ainda assim, Volodymyr Zelenskyy afirmou que espera uma cooperação frutuosa com a Polónia apesar das críticas de Karol Nawrocki. O Presidente ucraniano referiu que quer também ter uma boa relação pessoal com Nawrocki.

Numa reação no X, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “confiante de que a UE continuará a sua excelente cooperação com a Polónia”.

“Todos juntos somos mais fortes na nossa comunidade de paz, democracia e valores. Vamos trabalhar para garantir a segurança e a prosperidade da nossa casa comum”, escreveu.

Fricção com o primeiro-ministro

Nawrocki sucederá a Andrzej Duda, um conservador cujo segundo e último mandato termina no dia 6 de agosto.

Esta eleição constitui uma dor de cabeça para o primeiro-ministro, Donald Tusk, que lidera desde 2023 uma coligação de governo de amplo espetro ideológico – tão amplo que não foi capaz de cumprir algumas das promessas eleitorais do chefe do Governo, como a reforma da lei restritiva do aborto.

É expectável que Nawrocki venha reforçar a política de obstáculos que o seu antecessor já vinha a protagonizar em relação a Tusk, impedindo-o, por exemplo, de cumprir as promessas de reverter leis que politizaram o sistema judicial de uma forma que a União Europeia declarou ser anti-democrática.

Parece agora impossível que Tusk venha a ter condições de cumprir essas promessas que fez – tanto aos eleitores polacos como à União Europeia.

ZAP // Lusa

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