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Ponte Manuel Clemente? E o “suposto” Estado laico?

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Ana Luísa Alvim, Armindo Ribeiro / CML

Nova ponte pedonal da zona oriental de Lisboa

Petição reuniu mais de 1.000 assinaturas sobre a nova ponte em Lisboa. Documento invoca laicidade do Estado e lembra as acusações de abuso sexual na Igreja.

Mais de 1.000 pessoas subscreveram uma petição pública lançada hoje para exigir a alteração do nome da nova ponte pedonal da zona oriental de Lisboa, a que a Câmara Municipal quer chamar Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente.

Intitulada “Petição pela alteração do nome previsto para a ponte Lisboa/Loures no Parque Tejo”, a petição foi lançada hoje através da rede social X (antigo Twitter) por Telma Tavares, autora dos cartazes em memória das vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja Católica que foram colocados em Lisboa, Loures e Algés durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Às 19:45, a petição, lançada hoje, contava 1.057 assinaturas.

A petição invoca “a suposta laicidade do Estado” e questiona se a atribuição do nome de Manuel Clemente à ponte “pode ser vista até como uma ofensa e/ou desrespeito pelas mais de 4800 vítimas de abuso sexual por parte da igreja em Portugal”.

“Sendo a ponte um dos equipamentos que foi pago com recurso a dinheiros públicos, que todos os portugueses irão pagar com assinalável esforço, o mínimo exigível será que se homenageie quem tenha factualmente marcado a diferença ou sido autor de feitos que mereçam destaque no nosso município”, argumenta ainda.

Esta petição é dirigida à CML, mas, com mais de 1.000 assinaturas, ela já pode ser admitida no parlamento e publicada na íntegra no Diário da Assembleia da República. Se for subscrita por mais de 7.500 cidadãos, é apreciada pelos deputados em plenário da assembleia.

A CML anunciou na sexta-feira que a nova ponte ciclopedonal que liga os concelhos de Lisboa e Loures, sobre o rio Trancão, na zona oriental da cidade, vai chamar-se Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente.

Em comunicado, a autarquia afirmou que o nome da nova ponte, construída a propósito da JMJ e inaugurada em julho, é uma homenagem ao 17.º patriarca de Lisboa, que renunciou ao cargo após ter completado 75 anos.

“Nos 10 anos de mandato enquanto líder da Igreja de Lisboa, D. Manuel Clemente foi o grande impulsionador da Jornada Mundial da Juventude, que nas palavras do patriarca emérito ‘será lembrada como um momento decisivo para uma geração que construirá um mundo mais belo e fraterno’”, lê-se na nota.

“É uma justa homenagem da cidade a um homem que deu tanto a Lisboa ao longo da sua vida”, afirmou o presidente da câmara da capital, Carlos Moedas, citado no comunicado.

Numa mensagem enviada à Lusa, Manuel Clemente agradeceu “a generosidade” da CML e disse incluir no seu nome “todos quantos trabalharam na Jornada Mundial da Juventude”.

Segundo a câmara de Lisboa, o nome da ponte foi comunicado ao presidente da autarquia de Loures, Ricardo Leão, que considerou tratar-se de “uma boa opção e um justo reconhecimento”.

A ponte tem cerca de 560 metros e liga os concelhos de Lisboa e Loures, sendo feita, maioritariamente, de madeira e aço.

A ponte destina-se a peões e ciclistas, integrando a rede de percursos ciclopedonais da região de Lisboa e ligando-a ao concelho de Loures.

A JMJ 2023 decorreu em Lisboa entre 01 e 06 de agosto, tendo juntado cerca de 1,5 milhões de jovens no Parque Tejo (Lisboa) para uma missa e uma vigília, com a presença do Papa Francisco.

// Lusa

7 Comments

  1. A questão aqui não está relacionada com a Laicidade do Estado mas sim com o facto de atribuírem nomes de indivíduos que nada fizeram por Portugal nem contribuíram para o bem-estar dos Portugueses.
    Na Cidade do Porto passa-se a mesma coisa com o Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» a querer atribuir o nome, simplesmente por capricho, de um funcionário do Clero que nada fez pela Cidade ou pelos Portuenses – que inclusive não lhe reconhecem qualquer mérito – a uma nova ponte que eventualmente será construída sobre o Rio Douro.

  2. Portugal 2023 um pais absurdo , com gente que perde tempo a debater inutilidades…preocupem-se com a qualidade de vida das pessoas isso sim!

  3. Podiam começar então por mudar o nome da minha rua! É de um escritor que nunca ouvi falar! E por respeito a todas as mulheres que já sofreram maus tratos por homens escritores, ou por todas as crianças abusadas por esta classe trabalhadora, deviam mudar o nome da minha rua! Tudo devia ter nome de animais ou objetos, mas mesmo assim acho que iria sempre ofender alguém! Hipocrisia e odio ressabiado no seu melhor!

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