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Ponte Luiz I, na manhã da reabertura
O rei não apareceu na inauguração, o povo vingou-se. Diz-se. E, já agora, o responsável pela ponte não foi Gustave Eiffel.
Muitos olham para ela como uma das pontes mais bonitas da Europa.
Noutros tempos, era a ponte com o maior arco de ferro forjado do mundo, com 172 metros.
Pesa 3045 toneladas. Um total de 395 metros de comprimento, nos dois tabuleiros, cada um com 8 metros de largura, que unem Porto e Vila Nova de Gaia.
Inaugurada no dia 31 de Outubro de 1886, quase 140 anos depois a “Ponte D. Luiz” continua a ser assunto entre os habitantes das duas cidades e local de visita obrigatória para turistas e não só.
A ponte deixou de ser ponto de passagem para carros há 20 anos, no tabuleiro superior. Serve apenas para o Metro do Porto.
Na verdade, a ponte deixou de ser ponto de passagem para carros durante a maioria do dia: no tabuleiro inferior, que passou por remodelações durante um ano e meio, agora só passam (alguns) transportes públicos, táxis e velocípedes. Uma mudança muito recente permite a passagem de todos os veículos – mas só entre as 20h e as 6h do dia seguinte.
Esse tabuleiro inferior, na sua origem, foi construída para substituir a Ponte D. Maria II, ou “Ponte Pênsil”, inaugurada em 1843. Havia cada vez mais trânsito entre as duas cidades.
No tabuleiro superior comandava o americano: era o transporte público que passava a “Ponte D. Luiz”, ultrapassado depois pelo eléctrico amarelo, mais tarde pelo troley, mais tarde pelo autocarro. E agora o metro, pois.
Uma curiosidade: pagava-se portagem para atravessar a “Ponte D. Luiz”. Cada pessoa pagava uma taxa. Foi assim até 1943.
As curiosidades não acabam aqui… Voltemos à origem da ponte.
Apareceram 12 propostas para a sua construção. O documento eleito foi o da empresa belga Societé Willebroek. O projecto foi assinado por Teophile Seyrig, que já tinha estado envolvido na construção da Ponte Maria Pia, poucos anos antes.
Ou seja: não, não foi Gustave Eiffel a desenhar a “Ponte D. Luiz”. Parece mas não foi. Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel, foi o responsável.
Por fim, a curiosidade que originou o título deste artigo: o nome da ponte.
Temos apresentado “Ponte D. Luiz” entre aspas porque, na verdade, a designação oficial é Ponte Luiz I. É o que está escrito na placa na própria ponte.
O rei daquela altura, Luiz I, que até justificou o cognome O Popular, não ficou muito popular entre os habitantes locais.
Diz-se que o rei, que até foi homenageado no nome desta ponte, não apareceu na inauguração da estrutura. Por isso, os portuenses ter-se-ão sentido ofendidos, vingaram-se e tiraram o “Dom”. Foi uma suposta falta de respeito.
Mas, continua o portal Correio do Porto, “a haver falta de respeito é pela verdade histórica como qualquer portuense sabe. Todos designam a ponte como de D. Luis”, apesar de a placa indicar o contrário.
“Seria portanto o povo a dar essa consideração e não a tirá-la, pelo que morre logo aqui aquela tola lenda”, continua o portal.
Sendo uma lenda “tola” ou não, ainda hoje há divergências: a Infraestruturas de Portugal apresenta a “Ponte D. Luís I” mas a Câmara Municipal do Porto refere que existe uma “Ponte Luiz I”.