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Cientistas descobrem que os polvos conseguem “ver” a luz com os braços

Os polvos podem “ver” a luz com os seus braços, mesmo quando os seus olhos estão no escuro, descobriu uma equipa de cientistas.

Há muito que os cientistas sabem que os braços dos polvos reagem à luz. A sua pele está coberta por células que contêm pigmentos no seu interior, chamadas cromatóforos, que mudam de cor reflexivamente quando expostas à luz.

De acordo com o site Live Science, foi precisamente quando estudavam essas respostas dos cromatóforos induzidas pela luz que Tal Shomrat e Nir Nesher, do Centro Académico Ruppin, em Israel, notaram algo estranho: sempre que tentavam iluminar os braços de um polvo, o animal não cooperava.

“Estávamos a usar uma lanterna muito forte e, quando iluminávamos a ponta de um braço, este afastava-se sempre. Foi muito surpreendente e acabámos por mudar o nosso estudo para explorar este comportamento, depois de termos percebido que ninguém o havia descrito antes”, contou Shomrat, um dos autores do artigo publicado, a 5 de março, na revista científica Journal of Experimental Biology.

O novo experimento consistiu em colocar um polvo num tanque coberto por uma lona preta opaca. O animal, mantido no escuro, foi treinado para passar o braço por um pequeno buraco na parte superior do tanque para aí encontrar pedaços de peixe.

Enquanto apalpava cegamente essa zona em busca de comida, os investigadores iluminavam o braço de forma aleatória. Cerca de 84% das vezes em que o fizeram, o polvo puxou rapidamente o braço, sugerindo que este animal é capaz de sentir e reagir à luz com estes membros, mesmo quando não podem ver a luz com os seus olhos.

“Muitas vezes sentimos o calor de uma luz intensa, mas com o polvo não é esse o caso. Nas nossas experiências, verificámos as mudanças de temperatura e não houve nenhuma. O efeito é puramente da luz”, acrescentou Nesher.

De seguida, a equipa quis perceber o que controla esta reação, isto é, se é um reflexo simples controlado completamente por neurónios – ou células nervosas especiais – no braço, ou se é controlado pelo cérebro.

Para isso, os cientistas levaram a cabo mais alguns experimentos. Primeiro, iluminaram diferentes partes do braço para determinar a região mais sensível à luz, tendo descoberto que se tratava da ponta do braço.

Depois, iluminaram os braços de vários polvos anestesiados. Se evitar a luz fosse algo totalmente baseado num reflexo local, poderia ocorrer num polvo inconsciente. No entanto, embora os cromatóforos reagissem reflexivamente à luz, os braços não se afastaram.

Quando os cientistas cortaram os músculos da base dos braços, isso também eliminou a retração deste membro. Concluindo, as análises sugerem que o braço sente a luz, envia uma mensagem ao cérebro através dos nervos do músculo e o cérebro diz ao polvo para mexer o braço.

Aliás, uma outra experiência da equipa confirmou isso mesmo. Quando os investigadores iluminavam um pedaço de peixe, inicialmente o polvo evitava ir lá buscá-lo e só depois decidia ignorar os seus instintos e agarrar a comida.

Segundo o mesmo site, a dupla pensa que esta reação pode ter evoluído como uma forma de o polvo proteger os seus braços dos predadores. Ser capaz de sentir a luz com a ponta do braço pode ajudá-lo a manter estes membros longe do perigo.

ZAP //

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