Poluição nas águas espanholas está a efeminar peixes machos

Roberto AI / Flickr

Reserva de Urdaibai, País Basco, Espanha

Reserva de Urdaibai, País Basco, Espanha

Um estudo, iniciado em 2007, está finalmente a provar que algumas águas contaminadas levam os peixes machos a mudar de sexo. Este fenómeno está a ocorrer no norte de Espanha, mais concretamente no País Basco.

Cientistas do departamento de Toxicologia Ambiental da Universidade do País Basco conseguiram provar que determinados poluentes químicos na água levam à efeminação de uma estirpe de peixe, vulgarmente conhecida como tainha.

O estudo teve início no ano de 2007, após surgirem os primeiros casos no estuário de Urdaibai, durante uma análise aleatória da qualidade da água, realizada através da colheita de amostras em seis zonas diferentes da costa do País Basco.

A descoberta era de particular relevância, uma vez que Urdaibai tinha sido nomeado Reserva da Biosfera e, afinal, revelou-se como uma das áreas com maior taxa de mudança de sexo dentro dos estuários estudados.

Miren P. Cajaraville, responsável pela investigação, confirmou, em comunicado, a existência de sérios problemas com diversos contaminantes, em particular de produtos de consumo diário, como pesticidas, pílulas anticoncepcionais, perfumes, detergentes, entre outros.

Estes produtos são derramados nos rios e acabam por afectar os estuários.

Mas mais preocupante ainda é o facto de uma alta percentagem de químicos virem de estações de  tratamento, cujos sistemas se estão a revelar incapazes de descontaminar correctamente a água.

Não obstante o facto de estes contaminantes serem, a nível de estrutura química, bastante diferentes, todos agem como disruptores endócrinos, ou seja, afectam os peixes, produzindo os mesmos efeitos que os estrogénios.

Entre 12 e 64 por cento dos peixes existentes nas áreas estudadas apresentaram ovas imaturas nos testículos dos peixes machos.

Outro resultado alarmante foi a presença de vitelogenina no fígado (proteína normalmente expressa apenas no sexo feminino) em 60 a 91 por cento dos peixes machos.

O estudo ainda está em curso, tendo em conta a necessidade de obter mais respostas sobre este o fenómeno e sobre as acções que devem ser realizadas a fim de o resolver.

CG/ZAP

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