Polónia e Chipre também dizem não ao corte de 15% no consumo de gás. Bruxelas admite produção com gasóleo

Johanna Geron / EPA Pool

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen

A Polónia e o Chipre juntaram-se a Portugal, Espanha e Grécia na rejeição da proposta da Comissão Europeia (CE) que visa reduzir o consumo de gás em 15% entre agosto e março de 2023. Os Estados-membros votarão na próxima semana, mas não é certo que seja aprovada.

A medida “não pode ser aplicada ao Chipre até a ilha estar diretamente interconetada à rede de gás natural da União Europeia”, escreveu o Politico, citando o comunicado oficial do governo do Chipre, divulgado esta quinta-feira.

A ministra do Ambiente polaca, por sua vez, criticou os apelos da CE de união e solidariedade, salientando que essa solidariedade não se traduz em outras questões em que o país sai prejudicado. “O mecanismo de solidariedade não deve resultar na redução na segurança energética dos Estados-membros”, disse.

Segundo o Politico, o governo polaco argumentou que o pedido de solidariedade não se verifica noutras questões, como no Sistema de Comércio de Emissões, que Varsóvia diz ser o motivo para o aumento dos preços da energia no país.

No plano apresentado pela CE, entre as várias opções está o recurso ao gasóleo para produzir eletricidade, embora não possa ser nem a primeira escolha, nem uma solução duradoura. Segundo o Público, Bruxelas admitiu que os países podem ser obrigados a adotar medidas para contornar a ameaça de escassez de gás natural.

A CE aceita que os Estados mantenham abertas as centrais a carvão e que suspendam temporariamente os limites legais de emissões, evitando o recurso às centrais a gás, admitindo também que os países optem por “mudanças de combustível” nas próprias centrais que funcionam a gás.

Para prevenir as situações de escassez nos próximos meses, os Estados devem recorrer a todas as alternativas, mesmo que isso implique “aumentar as emissões” na produção elétrica e na indústria, revela o plano, divulgado na quarta-feira por Bruxelas, à qual os governos de Portugal e Espanha dizem opor-se.

Essa derrogação da diretiva de emissões industriais requer “uma monitorização contínua e notificação à Comissão”, lê-se no documento, que fala, entre as várias as opções, no uso de oxigénio em vez de gás natural em instalações industriais e na substituição do gás pelo gasóleo nas centrais elétricas.

Desta forma, os Estados terão de garantir que os operadores dos ciclos combinados a gás que disponham de geradores a gasóleo “tomem as precauções necessárias para que as suas operações não sejam interrompidas” caso tenham de mudar de combustível.

Em Portugal, a mudança seria possível nas centrais a gás da Tapada do Outeiro (explorada pela Trustenergy) e de Lares (EDP). Estas duas centrais, com uma capacidade de 990 megawatts (MW) e 862 MW, respetivamente, podem usar tanto o gás natural como o gasóleo, este último só em situações de emergência.

ZAP //

 

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