As autoridades de Hong Kong desativaram duas bombas artesanais numa escola esta terça-feira. Os engenhos foram descobertos por um guarda e desconhece-se se estão associados à crise política que se vive no país.
A líder de Hong Kong disse hoje que o Executivo vai “acompanhar seriamente” o caso dos professores detidos durante os protestos, por temer que a violência se tenha tornado norma nas escolas da região semiautónoma chinesa.
Em conferência de imprensa, que antecedeu a reunião semanal do Conselho Executivo, Carrie Lam observou que 40% das seis mil pessoas detidas nos últimos seis meses de protestos são estudantes, de acordo com a emissora pública RTHK.
A líder do Executivo afirmou estar muito preocupada ao ver que as detenções incluem crianças de cerca de 300 escolas secundárias do território, indicou a rádio.
A violência “entrou no ‘campus’ das escolas” e isso afeta a segurança dos alunos, disse Lam, que acrescentou ter já encarregado o responsável pela pasta da educação de investigar os professores detidos nos protestos.
Professor e vários alunos foram detidos na segunda-feira por suspeita de tentar bloquear estradas em Sheung Shui. No mesmo dia, a polícia disse ter descoberto duas bombas de fabrico caseiro perto da escola secundária Wah Yan.
“Ambos os dispositivos têm apenas uma função: matar e mutilar pessoas“, disse o responsável do Departamento de Desativação de Explosivos da Polícia de Hong Kong, Alick McWhirter.
“Dada a quantidade de explosivos e fragmentação, se esses dispositivos tivessem sido colocados e se tivessem funcionado, eles teriam matado e ferido um grande número de pessoas”, acrescentou.
Os responsáveis da escola afirmaram já publicamente não terem encontrado “qualquer prova de professores ou alunos terem sido responsáveis por colocar ou fabricar” engenhos explosivos.
“O local onde as bombas foram descobertas pertencia à escola, mas é uma área aberta fora dos portões e por isso acessível ao público“, disse a escola, em comunicado.
De acordo com o jornal South China Morning Post, Carrie Lam voltou a reiterar, ainda na conferência de imprensa, que não pretende fazer mudanças na equipa governativa, depois de vários órgãos de comnicação social locais terem noticiado que a secretária da Justiça, Teresa Cheng Yeuk-wah, pediu a demissão no mês passado.
“De tempos em tempos, nos últimos meses, sempre houve alguns rumores e especulações sobre uma mudança de equipa, incluindo os principais funcionários e os conselheiros executivos”, disse Lam.
“A minha primeira prioridade agora é restaurar a lei e a ordem em Hong Kong”, afirmou.
Cerca de 800.000 manifestantes pró-democracia, segundo a organização Frente Cívica dos Direitos Humanos, marcharam no domingo pelas ruas de Hong Kong, um dia antes de se assinalarem seis meses de protestos antigovernamentais.
Hong Kong é há seis meses palco de manifestações, iniciadas em junho contra uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
O Governo de Hong Kong acabou por retirar a proposta, cedendo a uma das exigências dos manifestantes. Mas a decisão não foi suficiente para travar os protestos que defendem reformas democráticas e denunciam a crescente interferência de Pequim no território.
ZAP // Lusa
Escola de terroristas ?