Pode a guerra congelar? Os EUA já temem que a Ucrânia seja a “próxima Coreia do Sul”

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Jim Lo Scalzo/EPA

Volodymyr Zelenskyy e Joe Biden

A Casa Branca já admite que a guerra na Ucrânia se possa arrastar ao longo de vários anos ou até décadas e há responsáveis que apontam o conflito entre as Coreias como um exemplo.

Há cada vez mais responsáveis norte-americanos que temem que a guerra na Ucrânia se transforme num conflito congelado e sem resolução à vista, semelhante ao que aconteceu entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.

A possibilidade de que o conflito se arraste ao longo de vários anos já está a ser discutida na Casa Branca, que tem planos para um acordo entre as duas facções que determine linhas que os países se comprometem a não atravessar, que não têm de ser necessariamente as fronteiras oficiais.

A perspectiva de que a guerra congele — com os confrontos diários a parar, mas sem haver um vencedor ou um tratado que determine o fim da guerra — pode ser uma possibilidade politicamente benéfica para os aliados da Ucrânia, que acreditam que a  contra-ofensiva de Kiev não será suficiente para dar o golpe final a Moscovo.

Isto significaria uma grande redução no número de batalhas e um corte nos apoios à Ucrânia, que têm sido frequentes devido a um sentimento de urgência constante, sem grandes perspectivas de sucesso a longo-prazo. A atenção mediática dada à guerra também diminuiria.

Os responsáveis dos EUA também ponderam sobre as ligações a longo-prazo que Washington e a NATO terão com Kiev. “Há uma escola de pensamento que diz ‘os ucranianos têm de ter Mariupol e acesso ao Mar Azov’. Há outros menos focados na localização das frentes desde que a Ucrânia esteja segura no futuro“, refere um ex-membro da administração Biden ao Politico.

Por enquanto, estas discussões ainda estão na fase inicial e Washington acredita que a guerra vai continuar quente durante algum tempo, mantendo os planos de fornecimento regular de armamento a Kiev.

Mesmo assim, os burburinhos neste sentido podem arrefecer a relação próxima entre a Ucrânia e os Estados Unidos. Não seria a primeira vez que ficariam claras algumas divergências entre os dois aliados — os EUA já questionaram o afinco ucraniano na recuperação de Bakhmut, uma cidade que consideram não ter uma grande importância estratégica, e Biden tem repetidamente negado dar mísseis de longo alcance ATACMS a Zelenskyy.

Há também cada vez mais políticos Republicanos, incluindo o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, e os dois principais proto-candidatos à Casa Branca, Donald Trump e Ron DeSantis, a questionar o que é que os Estados Unidos têm a ganhar com o envolvimento na guerra e quando é que a torneira dos apoios infinitos se vai fechar.

Um membro do Departamento de Defesa aponta que os pacotes de ajuda militar mais recentes já indicam uma mudança na administração Biden para uma estratégia mais focada no longo-prazo, com a quantidade de equipamentos enviada a diminuir ao longo dos últimos meses.

“Quando se passam os primeiros meses ou ano, estas guerras tendem a durar anos. Mesmo com a contraofensiva ucraniana mais bem-sucedida, podemos continuar a esperar que ainda haja guerra daqui a um ano”, explica Benjamin Jensen, do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos.

Quanto mais a guerra se arrastar, mais provável é que a Rússia e a Ucrânia sofram pressões internas e externas para negociarem o fim da guerra através de canais diplomáticos ou, pelo menos, um cessar-fogo.

Há analistas que antecipam que a guerra pode ganhar contornos semelhantes ao conflito na Península Coreana, que terminou com um armistício em 1953, mas que ainda não acabou oficialmente com um tratado de paz.

“Uma paralisação ao estilo da Coreia é certamente algo que tem sido discutido por especialistas e analistas dentro e fora do Governo. É plausível, porque nenhum dos lados precisaria de reconhecer fronteiras novas e a única coisa que teria que ser acordada é parar de disparar ao longo de uma linha definida”, explica o ex-membro da administração Biden.

Yuriy Sak, assessor do Ministro da Defesa da Ucrânia, diz que uma das razões pelas quais Kiev está constantemente a pedir mais armas aos seus parceiros ocidentais é precisamente porque quer acabar com a guerra rapidamente, e não se afundar num confronto interminável.

Mesmo que haja um cessar-fogo, “continuaremos a viver num mundo no qual diariamente temos chantagem nuclear“. “Diariamente, corremos o risco de uma crise alimentar global. Diariamente, somos testemunhas de atrocidades e crimes de guerra”, afirma.

Adriana Peixoto, ZAP //

9 Comments

  1. Já há muito tempo que é perceptível que esta guerra não vai acabar a curto ou médio prazo e que nenhuma das partes vai sair completamente vencedora (embora quase de certeza venham a reinvidicar isso). O conflito vai permanecer após o cessar-fogo que algum dia terá de ocorrer, como na Coreia.

  2. Ou a próxima Palestina, que está sob invasão de Israel há tanto tempo que já ninguém quer saber. E em vez de sanções, Israel recebe prémios! Quem sabe, no futuro ainda vamos dar prémios à Rússia também?

  3. Então mas ao Tempo que dizem que os RUSSOS não têm Munições , que o Equipamento é Obsoleto, que estão sem dinheiro, que fazem sanções atrás de Sanções para enfraquecer os RUSSOS ,que injetam Milhões e Milhões de Dólares e Euros á UCRANIA , que Europa e EUA fornecem Munições e Equipamento e a RUSSIA sozinha consegue mesmo assim fazer Frente? Afinal onde está o Efeito das celebres Sanções que fez o GAZ duplicar em Portugal (e o nosso nem sequer vem da Russia)? Afinal a quem as Sanções estão a fazer efeito?

    • Bem os russos têm 140 milhões de habitantes. Os ucranianos só têm 40 milhões. Não estão a safar-se nada mal. Se pensarmos que os russos pensavam que em 3 dias tomavam conta da Ucrânia… Foram corridos do país todo. Só estão mesmo encostados à própria fronteira.
      Depois diz que o gaz duplicou (presumo que se refira ao Gás, mas no sítio onde cresceu a iliteracia não lhe permitiu compreender a diferença) … Se reparar, neste momento os preços dos combustíveis e gás estão praticamente iguais ao período pré-guerra. Mas provavelmente não tomará muitas vezes banho de água quente, de modo que não deve dar por isso. E quanto às sanções são sempre vocês a falar nelas. Não somos nós. Afinal, vender o gás e petróleo a menos de metade do preço com mais do dobro do custo não é grande negócio. Nem é preciso fazer contas para perceber isso.
      O Ocidente tem tempo. Isto está para durar e por aqui ninguém está com pressa. Faremos os esforços necessários para que a Ucrânia vença. E vencerá. Não tenha dúvidas.

      • Desculpe mas essa sua Resposta do Gás é o que lhe querem impingir a si e outros que emprenham pelos Ouvidos, eu não sou desses estou bem atento as Noticias e ao que se passa no Mundo, para sua informação eu preferia que esta Guerra nunca tivesse acontecido e a mesma tem precedentes, , quanto aos culpados desta Guerra para mim só há dois a NATO e os EUA levando a UE a Reboque, os que estão nesta Guerra RUSSIA e UCRANIA nem um nem outro é Culpado se bem que a RUSSIA é mais culposa e venham me chamar de esquerda , ou Comunista que é para o Lado que eu durmo Melhor ,isto nada tem a ver ser comunista ou não pois cada um fala e diz o que pensa e só temos de respeitar , e não é só na UCRANIA que há Guerra , simplesmente a UCRANIA assim como o IRAQUE e outros Países têm riquezas e os EUA só estão a ajudar para depois fazerem como no IRAQUE e outros Países , esgotar as Riquezas e depois abandonar o Povo .
        Em relação ao GAZ até mesmo o Primeiro Ministro Antonio Costa disse que nós não precisávamos de o GAZ mais caro porque nós até tínhamos o GAZ que vem 55,% da Nigéria , 31% dos EUA e 7% e 7% da RUSSIA, por isso não venha com essa Historia de o Gaz vir da Russia.
        Quanto ao tomar banho para sua informação tomo 3 por dia será que toma mais? Somente uso GAZ para Banhos e Aquecimento, no Verão como agora desde Abril somente para Banhos e até abril só de Gaz pagava 30 a 40€ as duas ultimas faturas ultrapassava os 100€ , por isso não me queiram contar historias

      • O slava ukraini a falar em 40 milhões de habitantes e 140 milhões de habitantes como se todos os habitantes estivessem com arma em punho nos frontes To a ver os bebés que mal saíram de dentro das mães com granadas em punho não perco meu tempo a explicar nada para quem pensa mal… a inflação a destruir nossas finanças, as fábricas de armas a ganharem rios de dinheiro, os políticos a meterem dinheiro em suas contas em paraísos fiscais e os zés das couves a dormirem ainda vamos ler “notícias” de que os russos a voarem em vassouras de bruxas, derrubaram os F16 COM PÁS!!!

      • Esta malta é um pouco limitada.

        Aqui fica:
        Para o cantor Marco Paulo que tanto gosta de nos dar música de má qualidade. O Marco Paulo canta assim no seu comentário:
        “Em relação ao GAZ até mesmo o Primeiro Ministro Antonio Costa disse que nós não precisávamos de o GAZ mais caro porque nós até tínhamos o GAZ que vem 55,% da Nigéria , 31% dos EUA e 7% e 7% da RUSSIA, por isso não venha com essa Historia de o Gaz vir da Russia.”
        Mas alguém disse que o gás de Portugal vinha da Rússia?!! Olhe leia lá o que eu escrevi. E depois, o amigo sabia que a economia não é estanque?!!! Se uma das fontes de gás se fecha é normal que todos procurem alternativas encarecendo as restantes. O amigo desconhece muita coisa mas por meados de 2022 o preço do gás foi verdadeiramente louco nos países europeus. Atualmente, o preço está quase como antes da guerra. Fale do que sabe! Entretanto a Rússia vende à China o mesmo gás por metade do preço e com mais do dobro do custo. Esta guerra é a afirmação da China e a queda total da Rússia no panorama internacional. A Rússia é agora uma marioneta nas mãos da China. A guerra apenas continuará enquanto a China quiser. No dia em que a China não quiser, deixa de comprar o gás e os combustíveis à Rússia e a guerra terminará pouco tempo depois.

        Quanto ao Dmitriy…obviamente que não estão os 140 contra os 40 milhões. Mas tem de admitir que 140 milhões promovem uma maior base de recrutamento para as forças armadas ou não concorda?!

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