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Os quatro suspeitos de piratear autoridades brasileiras podem ter feito mais de mil vítimas

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Esta quarta-feira, as autoridades brasileiras informaram que os quatro suspeitos de crimes cibernéticos, presos num inquérito sobre invasão de privacidade nos telemóveis de autoridades do país, podem ter feito mais de mil vítimas.

Em conferência de imprensa esta quarta-feira, João Vianey Xavier Filho, delegado da Polícia Federal, adiantou que as autoridades estimam que “mil números telefónicos foram alvo do mesmo modus operandi desta quadrilha”. “Pode haver um número muito grande de possíveis vítimas”, acrescentou.

“Houve um facto que gerou curiosidade e, claro, ainda depende de confirmação e de exame da polícia para identificar se é real ou não, mas ontem [terça-feira], pela manhã, foi divulgado que o ministro [da Economia] Paulo Guedes foi hackeado”, disse Luiz Spricigo Júnior, diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), citado pelo Jornal de Notícias.

“Na busca e apreensão [contra o grupo suspeito] no telemóvel de um destes indivíduos havia uma conta de uma aplicação, com mensagem vinculada ao nome Paulo Guedes”, completou Spricigo Júnior.

Na terça-feira, a polícia brasileira cumpriu mandados de prisão temporária e de busca e apreensão contra quatro pessoas, executados em São Paulo, numa operação chamada Spoofing. Os detidos estão, alegadamente, envolvidos na invasão do telemóvel do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro.

O portal de notícias G1 informou que um dos detidos na operação Spoofing, Gustavo Henrique Elias Santos, já terá confessado que viu mensagens intercetadas do telemóvel de Moro no aparelho usado por Walter Delgatti Neto, também preso nesta operação.

O mesmo portal brasileiro acrescentou que a Polícia Federal terá identificado movimentações suspeitas nas contas de dois dos quatro investigados, no valor de 627 mil reais, cerca de 150 mil euros, entre março e junho.

Na tarde desta quarta-feira, Sérgio Moro comemorou as prisões. “Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF [Ministério Público Federal] e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas são a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime”, escreveu no Twitter.

Sem citar diretamento o The Intercept Brasil, o ministro da Justiça associou o conteúdo que pode ter sido pirateado pelo grupo preso na terça-feira às revelações do site. Em resposta a insinuação, o jornalista norte-americano Gleen Greenwald ironizou sobre o ministro brasileiro.

Sergio Moro está a tentar cinicamente explorar essas prisões para lançar dúvidas sobre a autenticidade do material jornalístico. Mas a evidência que refuta a sua tática é muito grande para que isso funcione para qualquer pessoa”, escreveu também no Twitter.

Moro e outros membros do grupo de trabalho da Lava Jato estão envolvidos num escândalo, conhecido como “Vaza Jato”, que começou a 9 de junho, quando o The Intercept Brasil e outros media parceiros começaram a divulgar reportagens que colocam em causa a imparcialidade da maior operação contra a corrupção no país.

ZAP //

1 Comment

  1. Talvez tenham sido 998 vitimas com que ninguém se preocupou muito. A policia federal só se mexeu quando estes marginais invadiram os telefones do Sérgio Moro e do Paulo Guedes. A justiça brasileira há muito que deixou de ser cega, já nem zarolha é, e passou a ver bastante bem onde quer chegar.
    Esta é uma excelente oportunidade para tentar desacreditar o Intercept.

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