“Pessoa sem credibilidade”. Constâncio admite processar Filipe Pinhal

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Vítor Constâncio, antigo governador do Banco de Portugal (BdP)

O antigo governador do Banco de Portugal (BdP) considera que as declarações feitas, na terça-feira, no Parlamento, pelo ex-administrador do BCP são caluniosas e não têm qualquer credibilidade.

Numa nota enviada à agência Lusa, Vítor Constâncio acusa Filipe Pinhal de ser “uma pessoa sem qualquer credibilidade” e classifica as suas declarações como “calúnias”, lembrando que o antigo responsável do Banco Comercial Português (BCP) já foi “condenado pelos tribunais criminais e em processos do BdP e da Comissão de Mercados de Valores Mobiliários, por crimes cometidos no BCP”.

O também ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) promete ainda responder às acusações de Filipe Pinhal em futuras intervenções públicas por considerar que as mesmas são falsas, “sem fundamento e sem factos”.

Esta terça-feira, durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o ex-administrador do BCP apelidou de “anómalo” o comportamento do BdP durante a ‘guerra’ pelo poder no BCP, e disse que só conseguia explicar o comportamento do governador com “desorientação”.

O ex-administrador disse que foi um processo feito “às ocultas do país, do conselho superior do BCP, do conselho geral e de supervisão, do conselho de administração executivo” e disse também que o então governador “correu” com ele por não ter concedido um crédito a José Berardo no BCP, e acusou o Banco de Portugal de ter “extravasado grosseiramente e ilicitamente as funções de supervisão”.

O gestor disse ainda não ter “conhecimento de que em algum país do mundo, entre os cinco bancos que dominam o mercado, fossem chamados os presidentes de dois desses bancos para decidir o futuro de um terceiro”.

Anteriormente, o ex-administrador do BCP tinha descrito à deputada do CDS-PP Cecília Meireles a sucessão de acontecimentos, em que Vítor Constâncio e o seu vice-governador, Pedro Duarte Neves, pediram insistentemente informações sobre o caso das ‘offshore’ do BCP, que culminou com uma carta entregue por Pinhal, então presidente interino do banco, a 20 de dezembro.

Filipe Pinhal afirmou ainda que “o Banco de Portugal acompanhou a par e passo a vida do BCP, com pedidos insistentes de informação a partir de 3 de dezembro de 2007, primeiro dia útil depois da denúncia”, e “com igual atenção aquilo que em maio o Diário Económico publicava e o que o senhor Berardo dizia no jornal das 9 da SIC Notícias”.

O ex-administrador do BCP disse ainda que a central de risco do Banco de Portugal teve conhecimento “caso a caso” das verbas de crédito concedido pela CGD “e a quem”, e que “350 milhões de euros num dia só” – financiamento concedido à Fundação Berardo – é uma verba que “não é possível que tenha passado despercebida” pelo supervisor.

Constâncio voltará a ser inquirido no dia 18 de junho na comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da CGD, onde esteve em 28 de março, depois de ter sido noticiado que a sua administração no BdP autorizou o reforço de posição da Fundação José Berardo no BCP.

Ontem, José Sócrates também acusou Filipe Pinhal de ter deixado no parlamento sugestões de “pura e velhaca maledicência“, contrapondo que “nunca” conversou ou orientou o empresário Joe Berardo em qualquer investimento.

O ex-administrador do BCP sugeriu que o antigo primeiro-ministro terá influenciado o empresário para reforçar a sua posição no banco, com recurso a financiamento da CGD.

ZAP // Lusa

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