Dormir pouco altera o período de tempo em que o nosso olhar se fixa nos rostos dos outros e pode mudar a forma como interpretamos os sinais dados pelas expressões faciais.
Ter sono e dormir pouco não muda só as nossas caras aos nos deixar com olheiras — também muda a forma como vemos outras pessoas. Um novo estudo publicado na Nature and Science of Sleep revelou que quando passamos muitas horas sem dormir, passamos menos tempo com o olhar fixado nos rostos de outras pessoas.
Dado que o contacto visual é uma parte crucial das relações sociais, as nossas interações podem potencialmente sofrer quando não estamos a descansar devidamente.
A amostra do estudo foi composta por 45 participantes. Numa semana, os participantes passaram uma noite sem dormir e, na semana seguinte, já dormiram todas oito horas de que precisavam. Nas duas circunstâncias, foram usados sensores que acompanham a direção do olhar.
Os participantes viram uma mistura de expressões desde a felicidade à raiva, e tiveram de determinar se acham as pessoas atraentes, confiáveis ou saudáveis. Os resultados mostraram que dormir pouco faz como a cara de alguém que esteja zangado pareça menos confiável e menos saudável, enquanto que as caras neutras ou assustadas parecem menos atraentes.
“Já que as expressões faciais são cruciais para entendermos o estado emocional dos outros, passar menos tempo fixado nos rostos depois de uma perda de sono aguda pode aumentar o risco de interpretar erradamente ou demasiado tarde o estado emocional dos outros”, revela a especialista no sono Lieve van Egmond.
Assim, a falta de horas de sono pode resultar numa menor motivação para a interação social, não só pelo maior cansaço mas também pelo impacto que tem na forma como vemos os outros, revela o Science Alert.
Mesmo com estes resultados, a equipa refere que ainda são precisos mais estudos com amostras maiores para podermos perceber o impacto total das noites mal dormidas nas relações sociais.
“Os nossos participantes eram jovens adultos. Não sabemos se os nossos resultados podem ser generalizados para outras faixas etárias. Ainda mais, não sabemos se resultados seriam semelhantes entre os que sofrem com perdas de sono crónicas”, alerta Egmong.