Pessimista irritante. “Há mais mundo para além dos jovens”

2

Paulo Vaz Henriques / Portugal.gov.pt

O Primeiro-Ministro António Costa, e o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República saudou hoje medidas como a devolução de propinas anunciadas na quarta-feira pelo primeiro-ministro, considerando que “são importantes”, mas observou que “há mais mundo para além dos jovens”.

Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se com “todas as medidas que são positivas para a juventude” anunciadas esta quarta-feira pelo governo, mas diz que “há mais mundo para além dos jovens.

“No lançamento da vida profissional é importante o IRS com um regime que seja atrativo. É importante a contratação de técnicos que saiam das escolas. É importante a devolução das propinas. Há assim uma série de medidas que são importantes“, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta a perguntas dos jornalistas.

Interrogado se entende que estas medidas foram anunciadas a pensar no próximo ciclo de eleições, o chefe de Estado respondeu: “Que dão jeito em termos eleitorais, dão. Quer dizer, dá jeito sempre em setembro nas ‘rentrées’ anunciar isso”.

“Outros partidos também anunciaram promessas e sugestões. É evidente que quando se aproximam eleições – e nós temos já uma daqui a 20 dias na Madeira e temos outra daqui a oito meses para o Parlamento Europeu – pois aí o português aguça o seu olhar a ver se pode ser um bocadinho mais. Se for um bocadinho mais, melhor. As eleições também servem para isso“, completou.

Questionado sobre a extensão até ao fim do ano da isenção de IVA sobre um conjunto de produtos alimentares considerados essenciais, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou: “Esse é para todos, é para todos. Por pequena que seja a diferença que introduz, essa pequena diferença, em quem tem muito pouco, muito pouco, muito pouco – e há muitos portugueses que têm muito pouco –, faz a diferença”.

António Costa anunciou, esta quarta-feira, que por cada ano de trabalho em Portugal o Governo vai devolver aos estudantes as propinas pagas no ensino público, alterações ao IRS Jovem e um passe que dará a possibilidade a quem terminar o ensino regular de “conhecer a diversidade e beleza do país”.

Quanto à questão sobre se há ou não folga orçamental para ir além das medidas anunciadas na quarta-feira pelo primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, o Presidente da República remeteu-a para o executivo.

Isso têm de perguntar ao Governo, o Governo é que sabe. Eu posso desconfiar, sabendo o que o senhor primeiro-ministro me diz, mas o Governo é que tem de que dizer até onde é que quer utilizar”, disse o presidente.

Depois de observar que “há mais mundo para além dos jovens“, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a apontar os problemas que identifica como mais urgentes: “Isso aí é uma tarefa do Governo. Sabem que eu nunca achei que o Presidente da República fosse Governo”.

A este propósito, o chefe de Estado não recorreu à mesma expressão utilizada pelo primeiro-ministro – “cada um deve estar no seu próprio galho” –, mas concordou com a ideia de que “o talento deste sistema semipresidencial é que cada um no exercício do seu poder”.

Para não utilizar uma imagem agrícola ou florestal, é cada um no exercício do seu poder. E, portanto, o poder do Governo é naturalmente o de governar Portugal, o poder do Presidente da República é de ser um poder moderador e segundo a opinião dos portugueses controleiro ou controlador daquilo que é a governação”, acrescentou.

Ele lá sabe

Ainda sobre declarações recentes de António Costa, que se assumiu como “otimista irritante”, o presidente voltou a definir-se como “mais pessimista” do que o primeiro-ministro.

Eu baixo sempre as expectativas, eu parto do princípio de que não se deve esperar muito, depois tenho boas notícias. O senhor primeiro-ministro coloca a fasquia sempre muito alta, muito alta, muito alta. E às vezes eu digo: olhe, não é alta de mais? Depois como é que vai aguentar a parada? Mas ele lá sabe. Ele sabe que tem orçamento para isso e que pode ir até onde pode ir”, afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa não quis hoje retomar o tema das quebras de sigilo sobre o que se passa no Conselho de Estado, que foram condenadas pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e nesta ocasião apenas reiterou que admite “que as pessoas se sintam ofendidas” quando os relatos não correspondem à verdade.

Também não quis comentar o processo movido contra a TAP pela ex-presidente executiva da empresa, que enquadrou como um assunto “dos tribunais”, nem o pedido de indemnização de Christine Ourmières-Widener.

A ex-presidente executiva da TAP, que contesta a legalidade do seu despedimento, já deu entrada com o processo cível contra a empresa e exige cerca de 5,9 milhões de euros, segundo o portal Citius.

“Sinceramente, neste momento, a esta hora, neste sítio, ai não me preocupa mais nada se não gozar este momento único“, declarou, enquanto percorria parte do novo percurso ribeirinho de Loures, junto ao rio Tejo.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

2 Comments

  1. A falta de fiscalização à exploração laboral é anedótica.
    Jovens e menos jovens explorados por multinacionais, financiadas pelo Estado… estão à exposição de todos!
    Mas, qdo até os sindicalistas (não os sindicalizados), se vendem… que fazer?!

  2. A exploração dos trabalhadores começa no Estado!!!! Vejam o caso dos professores. Não efetivam mesmo após 16 ou 20 anos a trabalhar para a mesma entidade profissional. E os bolseiros?!?? O Estado é o exemplo máximo da precariedade no trabalho. De resto, é sempre o Estado a dar os maus exemplos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.