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Pesquisas no Google podem ajudar a monitorizar casos de violência doméstica

As pesquisas no Google podem ser uma ferramenta eficaz para rastrear e prever a violência doméstica, especialmente em tempos de crise, como o período da pandemia de covid-19, revelou um estudo.

Os resultados desta investigação, publicada recentemente no European Journal of Population, podem auxiliar os decisores políticos a desenvolver diferentes sistemas de vigilância e de monitorização para conter, minimizar ou, até mesmo, antecipar episódios de violência doméstica, referiu um artigo do News Medical.

No início da pandemia, começaram a circular em Itália notícias sobre mulheres forçadas a viver com parceiros abusivos, devido ao confinamento. Contudo, nessa altura, Selin Koksal, especialista em Políticas Públicas na Universidade Bocconi, em Milão, não dispunha de dados para acompanhar o fenómeno.

Nos últimos anos, Koksal teve oportunidade de coletar dados e, em parceria com outros três investigadores, analisou palavras-chave de pesquisas efetuadas no Google, assim como as chamadas para a linha de apoio à violência doméstica italiana (1522) e para o número de emergência (112) na Lombardia.

De acordo com o artigo, foram analisadas as seguintes palavras-chave: 1522; abuso; casa e abuso; casa e violação; feminicídio; violação; violência doméstica; violência baseada no género e violência sexual.

A ideia subjacente ao estudo é que a Internet – e o Google em particular – pode ser uma ferramenta anónima para recolha de informação relevante sobre o tema. As chamadas para a linha 1522 medem a violência doméstica potencial, enquanto os contactos para o 112 medem a real.

Na pandemia, os mecanismos tradicionais de ajuda se tornaram mais difíceis de alcançar. Durante o surto de covid-19, a equipa verificou a existência de uma correlação significativa entre as pesquisas por quatro palavras-chave (1522, abuso, violência doméstica e violência sexual) e as chamadas para o número de emergência.

Segundo os investigadores, foi verificada uma “preocupante divisão socioeconómica” nos resultados. “As previsões provaram ser mais fiáveis entre a população com um estatuto socioeconómico mais elevado”, disse Koksal, indicando que esta consegue efetuar pesquisas mais eficazes.

A especialista indicou que essa conclusão pode ser explicada pelo facto de os indivíduos com um estatuto socioeconómico mais baixo utilizarem nas pesquisas dialeto ou palavras-chave menos direcionadas, impedindo “de encontrar os recursos necessários para procurar ajuda”.

A equipa aconselha os decisores políticos a acompanhar as pesquisas efetuadas nos motores de busca e intensificar as ações de apoio, tanto ao nível de reforço dos serviços como através de uma maior sensibilização nos meios de comunicação.

“Poderiam também intervir a favor das pessoas desfavorecidas, promovendo a alfabetização na Internet e convencendo o Google a mostrar os serviços de apoio à violência doméstica entre os principais resultados, como tem acontecido nos Estados Unidos”, completou Koksal.

ZAP //

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