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O homem que perdeu 50 mil milhões em 10 dias. A história peculiar de Gautam Adani

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E já depois de ter sido sequestrado. Gautam Adani era o segundo homem mais rico do planeta; “afundou-se” nas últimas semanas.

Gautam Adani não é um estreante no ZAP.

Já tínhamos destacado aqui a sua ascensão recente – e parcialmente repentina – na lista de pessoas mais ricas do planeta.

Em Setembro do ano passado, o empresário ultrapassou Bernard Arnault e passou a ser o segundo homem mais rico do mundo.

O bilionário é presidente do Grupo Adani, considerado o rei das infra-estruturas na Índia: minas, portos, aeroportos, centros de dados, energia verde… O grupo controlava 25% do tráfego aéreo do seu país natal. E ia adquirir duas empresas de fabrico de cimento.

Tinha um património líquido de aproximadamente 155 mil milhões de euros, só atrás dos 273 mil milhões de Elon Musk. Nos últimos 14 anos, Adani multiplicou a sua fortuna por 15.

Colocámos sempre os verbos no pretérito imperfeito porque o panorama mudou muito, nas últimas semanas.

Há duas semanas, Gautam Adani era o homem mais rico da Ásia e o terceiro mais rico mundo, novamente atrás de Elon Musk e Bernard Arnault.

Em 10 dias, salienta o The Next Big Idea, a fortuna caiu cerca de 50 mil milhões de dólares e o valor de mercado das empresas da Adani Group desceu perto de 100 mil milhões de dólares.

A Adani Group é uma das empresas que pertence ao Hindenburg Research, um fundo americano que lucra, não com a valorização das suas empresas, mas sim quando as empresas têm mau desempenho no mercado e há uma consequente descida do preço das suas acções.

Há duas semanas, a Hindenburg anunciou em relatório que tem uma postura negativa sobre a Adani Group. Considera que a empresa de Gautam pratica “o maior golpe corporativo da história”.

O documento avisa que há, alegadamente, casos de corrupção entre as empresas de Adani e membros do Governo indiano (o primeiro-ministro Narendra Modi é amigo de Gautam Adani), além de haver organizações internacionais que sabem destes casos mas que não denunciam porque também saem beneficiadas.

E, continua o relatório, a Adani Group tem uma dívida muito elevada, muitas práticas contabilísticas fraudulentas, manipulação de acções e ainda uma estrutura executiva deficiente (onde estão diversos familiares de Gautam Adani).

A família do bilionário já assegurou que tudo isto são “mentiras” e uma táctica do Hindenburg Research para “fazer render o seu investimento” – algo que deverá mesmo acontecer.

Poucos dias depois, a Adani Group cancelou a venda de cerca 2.5 mil milhões de acções; o banco Crédit Suisse deixou de aceitar obrigações de dívida da empresa; surgiu a notícia de que haverá uma auditoria independente a todas as empresas do grupo; e o regulador indiano assegurou que a Adani Group passará a ser mais vigiada.

E, assim, recordamos: o valor de mercado das empresas da Adani Group caiu mais de 93 mil milhões de euros. Em pouco mais de uma semana.

Tudo isto acontece anos depois de outros dois momentos marcantes, bem distintos: em 1997 foi sequestrado e em 2008 viu-se no papel de possível vítima de um atentado terrorista, num restaurante.

ZAP //

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