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Jorge Jesus: “Agora pensam que todos os portugueses são iguais a mim”

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Antonio Lacerda / EPA

Jorge Jesus depois da conquista da Taça Libertadores

Jorge Jesus reconhece que abriu portas no Brasil para a entrada de treinadores portugueses. O treinador, entre outras coisas, falou ainda da proposta da China que poderia ter feito dele o treinador mais bem pago do mundo.

Amado por uns e menosprezado por outros, Jorge Jesus não acredita em democracias na hora de gerir uma equipa. Não tem dúvidas que pagaria 70 milhões de euros por Bruno Fernandes. Noutras circunstâncias, ainda acredita que poderia ter conquistado o Mundial de Clubes e, caso fosse para a China, poderia ser um dos mais bem pagos do mundo — se não o mais bem pago.

Antes da final do Mundial de Clubes recebeu várias propostas, entre as quais, duas de clubes chineses. “Tive contratos de duas equipas da China que faziam de mim um dos treinadores mais bem pagos do Mundo, se não fosse mesmo o mais bem pago. E não fui”, confidenciou.

Ainda em relação à dramática final contra o Liverpool, reconhece que noutras circunstâncias, poderia ter triunfado. “Conseguimos controlar ao máximo aquela equipa do Liverpool, sabendo que uma tinha 80 jogos e a outra tinha 27. Se nós tivéssemos 27 jogos e eles 80, seríamos nós campeões do Mundo“, disse assertivamente.

Numa longa entrevista concedida ao jornal Record, Jorge Jesus, o português do momento falou um pouco de tudo, sem tabus, após ter recebido o Prémio Artur Agostinho, atribuído pelo próprio diário desportivo.

Jesus brilhou no Flamengo e abriu as rotas para os portugueses entrarem no mundo do futebol brasileiro. Depois de Augusto Inácio ser anunciado como o novo treinador do Avaí, do segundo escalão, também Jesualdo Ferreira está a caminho do Santos.

O treinador do Flamengo não tem dúvidas que foi obra sua e acrescenta: “Não abri só no Brasil, também abri na Arábia Saudita, onde estão agora uns cinco ou seis treinadores portugueses. Importante recordar que também teve uma breve passagem de sete meses pelo Al Hilal.

“O mercado do Brasil abriu-se e não tenho dúvida nenhuma de que é porque eles agora estão a pensar que todos os portugueses são iguais ao Jorge Jesus“, atirou.

Agora que os ânimos assentaram após as suas conquistas no Flamengo, o treinador português ainda está a tentar assimilar tudo o que aconteceu. Pelo seu conhecimento tático, pela sua personalidade hipnotizante — e inevitáveis gafes — Jorge Jesus consegue cativar não só os adeptos portugueses, mas também o povo brasileiro.

“Nunca tive nenhuma equipa que gostasse tanto de mim como o Flamengo. Aprendi que no Brasil se diz com facilidade ‘Amar’. Os jogadores do Flamengo amam-me. Como eu os amo a eles. Em Portugal era incapaz de dizer isto… Mas eles dizem-me”, salientou.

Durante a sua carreira, sempre teve de tomar decisões difíceis e reconhece a inconveniência que, por vezes, isso representa. No entanto, realça que “faz parte de liderar”, embora muitas vezes as pessoas não consigam compreender isso.

“Por vezes as pessoas não percebem nem aceitam, acham que uma determinada ação é injusta. Mas não há outra maneira de poder liderar uma equipa. Não acredito numa liderança democrática numa equipa. Comigo isso não existe”, disse. Também não se considera um ditador, mas não acredita que uma democracia funcione na hora de gerir uma equipa.

Sem falar no Benfica e no Sporting, para evitar polémicas, tocou ao de leve no portfólio de Bruno Fernandes e de Pizzi. “Gostam de ser goleadores. São dois jogadores em que eu tenho alguma culpa por chegarem onde chegaram”, disse sem rodeios.

Questionado pelo Record sobre se pagaria os 70 milhões pedidos pelo Sporting por Bruno Fernandes, Jesus não tem dúvidas: “Pagaria. João Félix custou 126 milhões de euros, certo? Se pagas esse valor pelo Félix, pagas metade pelo Bruno Fernandes… onde está a dúvida?”.

ZAP //

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