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Pelo menos 23 pessoas mortas em operação policial na Venezuela. Maduro fecha sete meios de imprensa livre

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Hugoshi / wikimedia

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

Pelo menos 23 pessoas foram mortas durante uma operação policial num bairro da classe trabalhadora de Caracas, disse no domingo uma organização venezuelana de direitos humanos.

“Segundo fontes não oficiais, 23 pessoas morreram” durante uma operação realizada na sexta-feira e sábado pelas Forças de Ação Especial da Polícia Nacional (FAES) em La Vega, um grande bairro no oeste de Caracas, disse o diretor da organização não-governamental (ONG) PROVEA, Marino Alvarado, na rede social Twitter, descrevendo a operação como um “massacre”.

Segundo Alvarado, a informação da ONG é baseada em fugas de informação da polícia, testemunhos de familiares das pessoas mortas e artigos na imprensa local.

As autoridades não emitiram uma declaração oficial sobre o caso. No entanto, o diário Ultimas Noticias, próximo do Governo do Presidente, Nicolás Maduro, avançou com o número de 23 mortos, sem adiantar mais pormenores.

O responsável das FAES, Miguel Dominguez, publicou vídeos em redes sociais filmados em La Vega, nos quais se podem ver agentes encapuçados e fortemente armados a mover-se entre casas rudimentares de tijolo e lata, que proliferam nas favelas construídas nas colinas que rodeiam Caracas.

No entanto, o responsável não forneceu qualquer informação sobre o que a ONG diz ter acontecido em La Vega. “Estamos a realizar rondas constantes a fim de garantir a segurança do nosso povo”, escreveu apenas.

As Forças de Ação Especial da Polícia Nacional têm sido frequentemente acusadas de execuções extrajudiciais e outras violações dos direitos humanos.

Devido a estas acusações, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, a ex-Presidente chilena Michelle Bachelet, apelou à sua dissolução. Mas a unidade especial mantém o apoio total do Presidente Maduro.

De acordo com uma ONG local, o Observatório Venezuelano da Violência (OVV), há a registar cerca de 12 mil mortes violentas na Venezuela em 2020, uma taxa de 45,6 mortes por 100 mil habitantes, sete vezes superior à média mundial.

Mais de um terço destas mortes ocorreram durante confrontos com pessoal policial ou militar, de acordo com a mesma organização. O Governo de Caracas tem afirmado que estas mortes resultam da “resistência à autoridade”.

 

Maduro fecha sete meios de imprensa livre

De acordo com o jornal espanhol ABC, na primeira semana do ano, o regime de Nicolás Maduro encerrou sete meios de comunicação independentes a operar na Venezuela, cujas investigações visam a corrupção do regime.

O presidente do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), Marco Ruiz, denunciou a situação, explicando que o sindicato está incluído no rol de ataques após ter recebido financiamento do Reino Unido para um projeto que pretende mostrar os riscos de trabalhar numa ditadura.

Entre os meios encerrados está o jornal Panorama — fundado em 1914, é tido como um jornal de referência —, o canal de televisão VPI, cujo equipamento foi confiscado e o estúdio encerrado, e cuja operação colocou 108 trabalhadores na rua.

No comunicado divulgado pela VPItv, explica-se que o canal cessou temporariamente a operação na Venezuela depois de uma visita do Serviço Nacional Integrado de Administração Aduaneira e Tributária.

Foram também bloqueadas as publicações Efecto Cocuyo, Caraota Digital, Tal Cual e a rádio católica De y Alegría, entre outros títulos.

Segundo Narco Ruiz, 85% da imprensa escrita foi destruída, sendo que a restante é complacente com o regime de Maduro, o qual tem vindo a dificultar a vida à comunicação social através de estrangulamentos financeiros.

Desde de 2014 que 84 meios de imprensa escrita, rádio e televisão foram encerrados.

 

Equador e Colômbia rejeitam eleição de novo parlamento

Equador e Colômbia reforçaram este domingo o apoio à defesa da democracia na América Latina, rejeitando a situação vivida na Venezuela com a eleição de um novo parlamento.

Numa declaração conjunta, após um encontro destinado a fortalecer a cooperação bilateral, os Presidentes do Equador, Lenín Moreno, e da Colômbia, Iván Duque, expressaram “o seu repúdio às eleições legislativas, sem garantias democráticas, realizadas em 6 de dezembro de 2020 na Venezuela pelo regime ilegítimo de Nicolás Maduro”.

Para os dois chefes de Estado, o Presidente venezuelano pretende “controlar a única instituição legítima que sobreviveu” na Venezuela, a Assembleia Nacional, “e permanecer no poder”.

A aliança de partidos que apoiam o Governo de Nicolás Maduro venceu com maioria absoluta as eleições legislativas de 6 de dezembro, às quais o autoproclamado Presidente interino da Venezuela e líder da oposição, Juan Guaidó, não se apresentou por as considerar fraudulentas.

Guaidó, reconhecido como Presidente interino da Venezuela por 50 governos, incluindo de Portugal, após as eleições presidenciais de 2018, lidera a Assembleia Nacional vigente desde 2016.

Os novos membros da Assembleia Nacional, saídos das eleições de 6 de dezembro de 2020, foram empossados em 5 de janeiro, dia em que a oposição venezuelana realizou uma sessão parlamentar virtual, na qual Juan Guaidó jurou que o parlamento liderado pela oposição continuaria em funções.

Na declaração conjunta, os Presidentes do Equador e da Colômbia comprometem-se com “a defesa da democracia”, esperando que ocorra “uma transição” do poder na Venezuela “o mais breve possível” através de “eleições livres”.

ZAP // Lusa

14 Comments

  1. Quando um país é alvo de agressão externa – como acontece na Venezuela, vítima da agressão americana – é normal recorrer ao estado de sítio que concede aos governos poderes excepcionais. É isso que acontece na Venezuela. Cessem as agressões à Venezuela e já será legítimo exigir de Nicolas Maduro a restauração das liberdades políticas. Mas antes disso seria dar armas aos agressores para levar a cabo a sua agressão.

    • Você deve ser daqueles que defende Cuba é o paraíso da democracia e socialismo.

      Olhe que eu sou socialista central, voto á esquerda ou á direita de acordo com o candidato, o projeto apresentado e a conjuntura financeira do país.

      Mas é muito assustador ver que a esquerda só acredita em democracia quando lhe convém, e aplica ditadura para justificar liberdade.
      O caso da Venezuela, Cuba, China, Rússia, mas não fica por aí, nos EUA não podem esperar para retirar o Trump democraticamente e Portugal manipula a Justiça (caso José Guerra) e temos candidatos à presidência que declaram abertamente que desrespeitam a vontade do Povo e não dariam posse a um governo com o Chega, quando Portugal elegeu um governo de esquerda com todos os partidos da esquerda.
      Ou candidatos que revogariam estatuto de partido ao Chega, mas não mencionam o PCP ou BE

    • Pois é mesmo isso, o problema são os Americanos, nunca me tinha ocorrido! Já agora acabei de tirar outra conclusão, a culpa de termos levado com os Salazar foi dos Russos! Avante Camarada, Avante, rumo ás grandes democracias de Cuba, Venezuela, Coreia do Norte… Avante.

  2. Venezuela um país soberano, fustigado por sanções atrás de sanções, roubo de activos financeiros na ordem de milhares de milhões, promoção de desacato interno, terrorismo promovido e instigado externamente, a partir dos EUA e UE com o propósito da desestabilização económica, política e social. A atestar o afirmo. O escandaloso, vergonhoso, incompreensível apoio contra todos os princípios do auto proclamado “presidente Guaido” instrumento, Yes man do império e dos interesses sbmundistas da União Europeia.

    • Não sei em que mundo vocês vivem… que grande iludido, não fosse a desgraça do comunismo a venezuela não passava pelo que está a passar.

    • Mais um lírico que acredita na teoria das sanções.
      Meu caro, os EUA só começaram a impor sanções ao petróleo venezuelano em 2017. E nessa altura o país já estava de rastos.
      Além disso, a China e a Rússia não aplicam quaisquer sanções. Porque é que a Venezuela precisa tanto dos “imperalistas” americanos?

    • Ora pois claro! Países tão livres e democratas que limitam o acesso do povo ás redes sociais, já os seus ditadores são tratados como fofinhos pelas mesma redes.

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