Pela primeira vez, Putin chamou a guerra pelo nome

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Robert Ghement / EPA

Vladimir Putin em forma de crânio, arte urbana de protesto em Bucareste, Roménia.

Os Estados Unidos exortaram esta sexta-feira Vladimir Putin a reconhecer a realidade do conflito na Ucrânia e a retirar as suas tropas, após o Presidente russo ter utilizado a palavra “guerra”, banida na Rússia, numa conferência de imprensa.

Desencadeada em 24 de fevereiro, a invasão russa na Ucrânia é oficialmente chamada de “operação militar especial” na Rússia.

As autoridades russas introduziram uma lei que prevê pesadas penas de prisão para qualquer publicação de informações sobre o Exército russo consideradas “falsas” e várias pessoas foram condenadas, em particular depois de terem chamado publicamente o conflito de “guerra”.

No entanto, durante uma conferência de imprensa na quinta-feira, pela primeira vez desde o início da guerra na Ucrânia, Vladimir Putin usou esta palavra, garantindo que deseja que o conflito termine “o mais rápido possível”.

“Desde 24 de fevereiro, os Estados Unidos e o resto do mundo sabem que ‘a operação militar especial’ é uma guerra não provocada e injustificada contra a Ucrânia”, sublinhou um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.

“No final, depois de 300 dias, Putin chamou a guerra pelo nome“, acrescentou, instando Putin “como próximo passo para reconhecer a realidade” a “encerrar esta guerra retirando as suas tropas da Ucrânia”.

O Departamento de Estado lembrou que “a agressão da Rússia contra a soberania de seu vizinho causou morte, destruição e deslocamento de populações”, seja qual for a terminologia usada por Putin.

Nikita Iouferev deputado municipal russo, anunciou na quinta-feira à noite que apresentou uma queixa contra o Presidente Vladimir Putin, a quem acusou de ter divulgado “informações falsas” ao utilizar a palavra “guerra” para descrever a operação na Ucrânia.

Este pedido tem poucas hipóteses de sucesso, especialmente porque o texto do eleito local contém vários erros factuais, como a data do discurso de Putin ou o próprio nome do Presidente, escrito no feminino, noticiou a agência AFP.

No terreno, a véspera de Natal fica marcada por um novo ataque, composto por 74 bombardeamentos, desta feita em Kherson. De acordo com o governador da cidade, Yaroslav Yanushevich, existem oito vítimas mortais e 58 feridos, havendo a possibilidade de o número subir nas próximas horas.

“Num fim de semana, na véspera de Natal, os russos atacaram o centro da cidade. Eles atacaram o mercado, o centro comercial, edifícios residenciais, edifícios administrativos — os sítios onde a maioria das pessoas estão“, escreveu no Telegram.

Também Volodymyr Zelenskyy já se referiu ao ataque, sublinhando o contexto temporal em que este ocorreu e os objetivos das forças russas. “Durante a manhã, no sábado, na véspera de Natal, na parte central da cidade”, começou a dizer. “Isto não são infraestruturas militares. Isto não são infraestruturas militares. Isto não é a guerra de acordo com as regras definidas. É terror, é matar por uma questão de intimidação e prazer.”

Na véspera de Natal, os ucranianos residentes nas cidades de Kherson, Kiev, Luhansk, Kharkiv, Donetsk, Zaporizhzhia e em sete outras regiões do país acordaram com os alarmes de ataques aéreos.

Esta era uma hipótese já antecipada por Zelenskyy no discurso que ontem proferiu, na sua habitual mensagem noturna. “Com as festividades a aproximarem-se rapidamente, os terroristas russos podem mais uma vez intensificar as suas atividades. Eles não têm qualquer respeito pelos valores do Natal ou por quaisquer valores”, disse.

ZAP // Lusa

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