Resolução, pela qual 60% dos eurodeputados estão a favor, pede ainda “o recomeço dos esforços de negociações rumo a um solução política”.
O Parlamento Europeu (PE) pediu esta quinta-feira pela primeira vez um “cessar-fogo permanente” entre Israel e o movimento islamista Hamas, mas apresentou como condições indispensáveis a libertação de todos os reféns e o desmantelamento da organização considerada terrorista.
Os eurodeputados aprovaram esta quinta-feira uma resolução com 312 votos a favor, 131 contra e 72 abstenções, que pede um “cessar-fogo permanente e o recomeço dos esforços de negociações rumo a um solução política”.
No entanto, o PE estabeleceu como condições indispensáveis o desmantelamento do Hamas enquanto organização e a libertação de todos os reféns que ainda estão no enclave palestiniano da Faixa de Gaza.
Em dezembro, os EUA vetaram um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, apesar do apelo inédito lançado pelo secretário-geral da organização, António Guterres.
O projeto de resolução manifestava “grave preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e com o sofrimento da população civil palestiniana”, sublinhava que “as populações civis palestinianas e israelitas deveriam ser protegidas de acordo com o direito humanitário internacional” e exigia um cessar-fogo humanitário imediato.
O ministro dos Negócios Estrangeiros João Gomes Cravinho lamentou esta decisão e insistiu na via do diálogo.
“Naturalmente que lamentamos. Nós tínhamos precisamente apoiado a resolução que está ser vetada”, disse na altura à agência Lusa, lembrando que esta é a posição que Portugal tem assumido e insistiu que é urgente haver um cessar-fogo humanitário.
“É preciso que haja acesso da ajuda humanitária à população de Gaza, consideramos também fundamental que haja libertação sem condições dos reféns em Gaza e acreditamos que o cessar-fogo iria nesse sentido”, sublinhou.
“Acreditamos que, continuando o diálogo, encontraremos soluções que serão satisfatórias para todos. É fundamental que haja um cessar-fogo – e repito aqui este apelo – enquanto não for permanente, deve ser temporário, que permita acesso humanitário às populações, que permita começar a falar de um futuro mais estável, nomeadamente através da solução de dois Estados”, sublinhou o ministro.
Em novembro, quando Israel concordou em implementar pausas humanitárias diárias de quatro horas por dia nos seus ataques ao Hamas, o exército israelita esclareceu que não haveria cessar-fogo nos combates, uma impossibilidade reforçada pelo presidente dos EUA, Joe Biden.
Questionado na altura pelos jornalistas sobre as hipóteses de um cessar-fogo, o líder norte-americano foi perentório a rejeitar a solução. “Nenhuma. Nenhuma possibilidade”, reconheceu Biden sobre o cessar-fogo que tem vindo a ser pedido por vários países e organizações.
As agências humanitárias no terreno têm insistido na necessidade de um cessar-fogo, com um horizonte temporal que permitisse a proteção de civis em território palestiniano.
Contudo, desde cedo que o Governo norte-americano se limitou a pressionar Israel para a criação de pausas humanitárias, recusando juntar-se às vozes daqueles que preferiam um cessar-fogo, que travasse por um período mais longo o conflito naquela região.
ZAP // Lusa
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