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Pegadas fossilizadas desafiam a teoria da evolução humana

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(dr) Andrzej Boczarowski

As pegadas, encontradas em Trachilos, Creta, são atribuídas a um antepassado do Homem que terá vivido há 5.7 milhões de anos

A descoberta de pegadas fossilizadas, na ilha de Creta, na Grécia, entra em conflito com a teoria que defende que a humanidade teve origem em África.

Um conjunto de pegadas com quase seis milhões de anos descobertas recentemente na ilha de Creta, na Grécia, pode pôr em causa a visão de África como “mãe” da raça humana. A descoberta foi publicada na revista Proceedings of the Geologists Association.

Até agora, a maioria dos investigadores situaram a origem geográfica dos hominídeos no continente africano. Esta teoria sobre a evolução da linhagem humana baseou-se no conhecimento dos primeiros restos fósseis de australopitecos no sul de África em 1924.

Na altura, consolidou-se de imediato a descoberta das pegadas no local Laetoli em 1976. De acordo com os especialistas, essas pegadas pertenceram a hominídeos que caminharam verticalmente há cerca de 3,7 milhões de anos.

A recente descoberta das pegadas tão antigas na ilha de Creta, realizada por uma equipa internacional juntamente com a Universidade de Uppsala, na Suécia, pode por à prova a popular teoria e plantar uma realidade mais complexa.

As pegadas encontradas em Trajilos, na Creta ocidental, têm a inconfundível forma do pé de um hominídio precoce, especialmente na parte dos dedos, ainda que se trate de um espécie ainda mais pimitivo do que o de Laetoli, segundo o relatório da universidade sueca.

As pegadas de Creta foram marcadas sobre uma costa arenosa, possivelmente na foz de um rio, enquanto que a de Laetoli foram feitas sobre cinzas vulcânicas. “O que faz com que isto gere controvérsia é a idade e a localização destas pegadas“, explica o professor Per Ahlberg, da Universidade de Uppsala e um dos autores da investigação.

Estas pegadas, de aproximadamente 5,7 milhões de anos, são mais jovens do que o fóssil do hominídeo mais antigo conhecido, o “Sahelanthropus tchadensis“, mas quase um milhão de anos mais velho que o “Ardipithecus ramidis”, um primata com pés similares aos dos símios.

(dr) Bennett et al / Science Direct

Descobertas pegadas fossilizadas na Grécia

Assim, a descoberta entra em conflito com a hipótese de que o “Ardipithecus” seja um ancestral direto dos primatas posteriores. Até agora todos os fósseis de hominídeos com mais de 1,8 milhões de anos foram encontrados em África, o que levou a maioria dos investigadores a acreditar o grupo tinha começado a evoluir naquele continente.

O professor Ahlberg assinala que a descoberta em Creta “desafia a narrativa aceite” sobre a evolução precoce da humanidade e que é provável que gere muito debate.

Fica por saber se “a comunidade de investigadores da origem humana” aceita estas pegadas fossilizadas como “prova conclusiva da presença de primatas no mioceno, a quarta época da era geológica Cenozoica, e a primeira época do período Neogeno, de Creta”, conclui o académico.

(dr) Bennett et al / Science Direct

Descobertas pegadas fossilizadas na Grécia

ZAP //

2 Comments

  1. “A descoberta de pegas fossilizadas, na ilha de Creta, na Grécia (…)”. Não é por acaso que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo!

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