Nuno Veiga / Lusa

Pedro Passos Coelho, durante uma visita às Festas do Povo em Campo Maior
O cenário de PS vencedor, mas com maioria de direita. Mas a “geringonça” surgiu após uma maioria de esquerda, sem vitória.
O líder socialista considerou nesta segunda-feira que seria impensável a AD não dar condições de governabilidade ao PS, num cenário em que os socialistas ganham as eleições mas a direita no seu conjunto tem maioria.
No segundo dia da campanha oficial para as legislativas, Pedro Nuno Santos participou num almoço da Confederação do Turismo de Portugal, em Lisboa, tendo Francisco Calheiros, presidente desta organização, considerado que “é provável que a direita chumbe o seu governo” se o PS ganhar as eleições mas houver uma maioria de direita.
“Francisco Calheiros estava a dizer que se o Partido Socialista ganhar as eleições, a direita chumba um programa de governo. Era só o que faltava. Era só o que faltava!”, respondeu Pedro Nuno Santos, referindo que o PS deu “todas as condições de governabilidade à AD” neste último ano.
Considerando que “ninguém do Governo, e muito menos o ainda primeiro-ministro, se pode queixar do PS” porque o seu partido estando na oposição deu “estabilidade política ao país”, o secretário-geral afirmou que “o mesmo deve acontecer se o Partido Socialista ganhar as eleições” e que “é impensável” se isso não acontecer.
“Não é um favor ao Partido Socialista. É simplesmente respeitar o país. E já agora respeitar também, primeiro o país e os portugueses, e em segundo lugar um partido que quando estava na oposição deu estas condições de governabilidade à AD”, apontou.
Para Pedro Nuno Santos, é preciso “exigir que seja garantida estabilidade política” a seguir às eleições de 18 de maio, assim como “a reciprocidade ao PS”.
E 2015?
Estas declarações surpreenderam Ana Sá Lopes. A comentadora política lembra no Público que, em 2015, aconteceu exatamente o contrário do que Pedro Nuno Santos defende agora.
Ou seja: o líder do PS defende que a direita, em maioria, deve deixar passar o programa do vencedor PS (minoritário); mas há 10 anos, a esquerda não deixou passar um governo minoritário de direita (PSD e CDS) porque estava em maioria.
A “geringonça” só nasceu porque a esquerda – com Pedro Nuno em grandes movimentações naquela altura – fez o contrário do que o mesmo Pedro Nuno diz agora.
Ana Sá Lopes acrescenta que estas declarações até “põem em causa” a formação da geringonça.
“Quando Pedro Nuno Santos diz que é preciso respeitar a vontade do povo, parece Passos Coelho a falar em 2015. E isso não é exatamente bom, este pedido de reciprocidade” – embora a comentadora perceba a postura de Pedro Nuno, que “deixou passar” o programa do Governo e o Orçamento do Estado da AD.
ZAP // Lusa