O Projeto Natick, da Microsoft, é daquelas empreitadas que se parecem demasiado com filmes de ficção – mas que são totalmente reais. E se 50% dos homens vivem nas costas, porque não também os seus dados?
Para lidar com a necessidade de datacenters cada vez maiores e instalações mais complexas a cada dia que passa, a Microsoft quer construir instalações submarinas, que fiquem no fundo do oceano e funcionem de maneira autónoma.
Revelado pela primeira vez em 2016, o projecto ainda se encontra em fase preliminar de desenvolvimento, e não está sequer próximo do lançamento. Mas entretanto, um registo de patente pedido pela Microsoft mostra que a companhia quer proteger os servidores de intrusões – porque mesmo submersos, os dados precisam de ser protegidos.
As unidades estão a ser concebidas para funcionar de forma autónoma, exigindo quase nenhuma manutenção, mas isso também significa que guardas e segurança convencional também não estarão presentes no local – que, nunca nos vamos cansar de repetir, fica no fundo do mar.
Entretanto, a Microsoft está consciente de que hackers podem tentar chegar ao local usando veículos submarinos, drones ou mergulhado pessoalmente.
Por isso, a empresa de Redmond está a trabalhar em sistemas que detectariam qualquer tentativa de intrusão e invalidariam as informações dos servidores – o que inclui mesmo o uso da água como forma de destruir o equipamento e evitar a obtenção dos dados.
Além disso, o uso de mecanismos de criptografia de alto nível, intensificados ainda mais, torna qualquer tipo de ficheiro obtido indevidamente completamente inútil. Mas a Microsoft está até a preparar-se para a possibilidade de os criminosos recorrerem ao uso de “mamíferos treinados” ou outros animais para acederem o servidor.
Nestes casos, e também para evitar que qualquer vida marinha curiosa transforme o datacenter em morada, a empresa vai cobrir toda a estrutura com corais – o que não apenas serve para o ocultar, mas também contribui para o ecossistema aquático.
Ao cobrir os datacenters com corais, a empresa consegue ainda um arrefecimento extra para os servidores, o que impede os animais de encontrarem ao local também pelo bloqueio de temperatura: o isolamento do calor das máquinas dificulta a sua localização, uma alternativa que também pode confundir sistemas de localização que utilizem mapas de calor métrica.
O Project Natick ainda está em fase de planeamento, e a Microsoft está ainda a muitos anos de distância do início de testes e eventual lançamento.
Mas a ideia de um datacenter submerso pode mesmo acabar por ser a solução para a empresa, na medida em que as arquitecturas de cloud computing crescem a um ritmo acelerado, requerendo cada vez mais investimentos em estruturas físicas e pessoal qualificado.
A ideia é encurtar o percurso que os dados precisam de fazer, principalmente em zonas litorais – uma medida que, se transformada em realidade, pode melhorar a qualidade de ligações em locais remotos e representar uma alternativa económica para o futuro do cloud computing.
Quando apresentou o projceto, em fevereiro de 2016, a Microsoft comparou a iniciativa com o lançamento de um foguete — tudo precisa de dar certo, porque assim que os servidores estejam submersos, nada de errado por acontecer.
Basta então agora lidar com os eventuais mamíferos treinados para hackear servidores.
// CanalTech / MS Poweruser