Três soldados norte-americanos morreram e outros 25 ficaram feridos no ataque suicida de drone lançado por supostas milícias pró-iranianas no sábado à noite. Biden promete vingança e senadores pedem “ataque ao Irão com força”.
Três militares dos EUA foram mortos e outros 25 ficaram feridos num ataque suicida de drone lançado por supostas milícias pró-iranianas no sábado à noite, contra uma instalação dos EUA na Jordânia, perto da fronteira com a Síria, informaram as Forças Armadas dos EUA.
O Irão negou qualquer envolvimento esta segunda-feira no ataque lançado por milícias pró-Teerão na fronteira Jordânia-Síria e que levou o Presidente norte-americano a prometer retaliação.
“Estas acusações são feitas com um objetivo político que visa inverter as realidades da região”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, num comunicado citado pela agência de notícias oficial do Irão, Irna.
As alegações “também demonstram a influência de terceiros, incluindo o regime sionista que mata crianças”, acrescentou Nasser Kanaani, referindo-se a Israel, envolvido numa guerra com o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro.
“Os grupos de resistência nesta região estão a responder aos crimes de guerra e ao genocídio cometidos pelo regime sionista”, “não estão a receber ordens” do Irão e “estão a decidir as suas ações com base nos seus próprios princípios”, assegurou ainda o porta-voz.
De acordo com um responsável norte-americano citado pela Associated Press mas que pediu para não ser identificado, além de cinco vítimas mortais, o número de soldados feridos aumentou para 34.
“Apenas uma amostra do inferno”
Outros dois funcionários norte-americanos identificaram a base atacada como uma instalação na Jordânia conhecida como Torre 22, localizada ao longo da fronteira com a Síria e utilizada principalmente por tropas envolvidas em aconselhamento e assistência às forças jordanas.
O governo jordano, que não reconhece a existência desta instalação, afirmou que o ataque ocorreu fora da Jordânia, designadamente numa base dos EUA na Síria.
O ministro das Comunicações do Governo do reino, Muhannad Mubaidin, disse à televisão estatal jordana Al Mamlaka que o ataque com um drone visou a base de al-Tanf, no leste da Síria.
O grupo de milícias pró-iranianas Resistência Islâmica no Iraque declarou no domingo que o ataque foi apenas uma “pequena amostra do inferno”.
A milícia al-Nujaba, uma das mais destacadas da Resistência Islâmica no Iraque, congratulou-se com os vários ataques que o grupo lançou nos últimos meses contra posições norte-americanas na Síria e no Iraque.
Biden promete retaliação
O Presidente norte-americano, Joe Biden, responsabilizou milícias pró-Irão pelo ataque e prometeu que os EUA vão responder.
“Tivemos um dia difícil ontem [sábado] à noite no Médio Oriente, e responderemos”, disse o Presidente norte-americano num evento numa igreja batista na Carolina do Sul.
Biden culpou as milícias apoiadas pelo Irão pelas primeiras mortes dos EUA após meses de ataques destes grupos contra forças norte-americanas no Médio Oriente, intensificados com o conflito em Gaza entre Israel e Hamas.
“Não tenham dúvidas: todos os responsáveis [pelo ataque] irão prestar contas, no momento e da forma que escolhermos”, afirmou no domingo o Presidente norte-americano, Joe Biden, através da rede social X.
O chefe de Estado norte-americano qualificou o ataque, reivindicado pela milícia pró-iraniana Resistência Islâmica no Iraque, de “desprezível e totalmente injusto”.
O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, assegurou que “serão tomadas todas as medidas necessárias para defender os EUA, as suas tropas e interesses”.
“Atacar Teerão”. Trump critica “fraqueza” de Biden
Os senadores republicanos Lindsey Graham e John Cornyn defenderam no domingo “atacar Teerão”, a capital iraniana, em resposta ao ataque.
John Cornyn, membro do Comité de Informações do Senado, apelou a um ataque à capital iraniana. Por seu turno, o senador Lindsey Graham, um dos congressistas do Partido Republicano mais ativos na política externa, também apelou a “atacar o Irão agora, com força”.
Graham criticou a política externa do Presidente, o democrata Joe Biden, afirmando: “Quando a Administração Biden diz ‘não faça…’, os iranianos fazem-no”.
“A retórica da administração Biden sobre o Irão entra por um ouvido e sai pelo outro. A sua política de dissuasão contra o Irão falhou miseravelmente”, indicou.
Também o candidato à nomeação presidencial republicana, Donald Trump, considerou, na rede social Telegram, o ataque uma “consequência horrível e trágica da fraqueza e rendição de Joe Biden”.
Numa mensagem na rede social Telegram, Trump reivindicou que durante o seu mandato o Irão “estava fraco, falido e totalmente sob controlo, incapaz de “arranjar dois dólares para financiar os seus agentes terroristas”.
“Depois, Joe Biden veio e deu ao Irão milhares de milhões de dólares, que o regime usou para espalhar o derramamento de sangue e massacres por todo o Médio Oriente. Este ataque NUNCA teria acontecido se eu fosse Presidente (…) assim como o ataque do Hamas, apoiado pelo Irão, contra Israel nunca teria ocorrido, a guerra na Ucrânia não teria começado, e agora teríamos paz em todo o mundo. Em vez disso, estamos à beira da Terceira Guerra Mundial”, disse Trump.
As tropas norte-americanas há muito que utilizam a Jordânia como base militar. Cerca de três mil soldados norte-americanos estão normalmente estacionados na Jordânia.
Desde o início da guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, em outubro, que as tropas norte-americanas no Iraque e na Síria têm enfrentado ataques de drones e mísseis às suas bases.
O ataque à Jordânia é o primeiro que tem como alvo as tropas norte-americanas na Jordânia durante a guerra.
ZAP // Lusa