PCP elege PS como “adversário eleitoral” da CDU (mas sem receio de entendimentos)

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Mário Cruz / Lusa

Jorge Cordeiro, coordenador do PCP para as Eleições Autárquicas

O PCP elegeu o PS como “adversário eleitoral” da Coligação Democrática Unitária (CDU) nas autárquicas e tem como objetivo confirmar as atuais 24 câmaras e recuperar as 10 ou mais perdidas em 2017 e nas eleições anteriores.

“O adversário eleitoral que temos é o PS. Nós discutimos câmaras com o PS”, afirmou, em declarações à Lusa, o dirigente comunista com o dossiê autárquico, Jorge Cordeiro, sobre a estratégias e as metas da CDU para as eleições locais em setembro ou outubro.

Numa altura em que já estão apresentadas 121 candidaturas a câmaras e os comunistas subiram o tom das críticas ao Governo e PS, a CDU quer “naturalmente confirmar”, nas urnas, as 24 maiorias nas câmaras que PCP e CDU governam e recuperar as 10 perdidas em 2017 e outras em eleições anteriores.

“São essas 10 e algumas outras que, não tendo sido perdidas em 2017, nós temos a perspetiva de que podem voltar a ser geridas pela CDU”, disse, referindo-se a casos de câmaras perdidas em 2009 e 2013.

A exceção nessa regra de ter o PS como “adversário eleitoral” tem sido, nos últimos anos, algumas câmaras perdidas pela CDU para o PS e depois ganhas pelo PSD, como é o caso em Silves (PSD), e “a disputa a travar” em Vila Real de Santo António, mais “uma câmara PSD”.

Porque já aconteceu, segundo disse, casos de municípios que, ao fim de oito ou 12 anos, regressaram à gestão da CDU.

Jorge Cordeiro queixou-se ainda da “forma virulenta” das críticas à gestão das autarquias CDU, com recurso a “perfis falsos” nas redes sociais, que critica, mas enquadra na “disputa eleitoral”, e apontou ao PS e ao Governo pelo “uso do aparelho de Estado ao serviço de uma campanha eleitoral”.

“Em imensos concelhos”, descreveu, é um “carrossel de visitas de ministros e secretários de Estado ao lado de presidentes de câmara do PS e de candidatos do PS”, repetindo promessas, “muitas delas repetidas há quatro, oito, 12 e 16 anos”, dizer que “vai passar lá um comboio, que vai ser lançado uma primeira pedra qualquer”.

Sem receio do preço de entendimento com PS

Jorge Cordeiro afirmou que os comunistas não receiam pagar o preço nas eleições autárquicas pelos acordos à esquerda desde 2015 e pela viabilização dos Orçamentos do Estado.

“Pelo contrário”, afirmou o dirigente comunista, questionado sobre se temia que a coligação pagasse o preço eleitoral pelos anos da “geringonça” ou da “nova fase da política nacional”, como o PCP lhe chamou na sua terminologia. “Eu diria que os últimos anos, se tivessem algum peso, teriam um peso favorável”, disse.

Do “passe social aos manuais escolares ou o aumento das reformas e agora, mais recentemente, possibilidade de 300 mil pessoas terem o salário pago por inteiro no ‘lay off’, isso deve-se a nós”, disse.

E argumentou que “se houvesse alguma conclusão a tirar” quanto a preços a pagar, “era a inversa”, os eleitores reconhecerem a intervenção dos comunistas no “processo de defesa e reposição na conquista de direitos que há praticamente 40 anos não existia”, depois de anos sucessivos “sempre a cortar” em direitos e rendimentos.

Olhando à história, Jorge Cordeiro recordou que, “em 2001, a CDU perdeu 13 câmaras e não havia nova fase da política nacional”, recusando esse “mimetismo de olhar para um resultado” apenas com uma leitura nacional.

Já depois de 2015, e do acordo parlamentar à esquerda, com o PS, a coligação CDU perdeu dez câmaras em 2017, na sua esmagadora maioria para o PS, incluindo Almada (Setúbal).

ZAP // Lusa

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