Paz mundial? Menos intervenção de países e mais da Google, defende especialista

Stefano Maffei / Flickr

Organização das Nações Unidas

Enquanto a guerra decorre na Ucrânia, há no mundo da cibersegurança quem defenda a “criação de uma nova NATO”, mais tecnológica, que pode ajudar “de forma mais rápida e eficaz” a acabar com conflitos do género.

Num artigo publicado esta segunda-feira no Fast Company, o especialista em cibersegurança Shlomo Kramer lembrou que a NATO, criada após a Segunda Guerra Mundial, foi projetada para impedir conflitos como o que se vive na Ucrânia.

No entanto, há poucas semanas, durante uma cimeira da organização, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, apontou uma lista de falhas na atuação da NATO, desde a sua recusa em estabelecer uma zona de exclusão aérea até ao fornecimento de poucas armas e munições.

Para Kramer, a desejada paz mundial pode ser alcançada recorrendo menos à intervenção dos países e mais a empresas como Google, a Apple e a PayPal. Segundo o israelita, essas multinacionais têm as capacidades tecnológicas e financeiras para projetar e implementar ações relevantes, de forma mais rápida e mais eficaz que qualquer governo.

Quando o PayPal saiu do mercado russo em março, por exemplo, tornou-se mais difícil para os russos fazerem transações online.

Em abril, Viktor Zhora, especialista em cibersegurança do governo ucraniano, relatou que a agência de inteligência militar russa tentou, sem sucesso, fechar instalações de energia na Ucrânia, incluindo algumas em Kiev e outras próximas à capital. A tentativa, apontou Kramer, mostra que grande parte da guerra moderna envolve tanto o “teclado de um computador quanto um míssil de curto alcance”.

Recentemente, Tom Kellerman, especialista em cibersegurança e membro do CIAB – comité consultado desenvolvido para orientar as investigações sobre cibersegurança levadas a cabo pelos Serviços Secretos norte-americanos – escreveu um relatório no qual indicava que a Rússia é responsável por ataques de ransomware em todo o mundo, usados ​​para financiar a guerra.

“Precisamos de uma nova NATO, que gire em torno de colaborações entre as nações e essas corporações multinacionais, bem como outras partes interessadas”, afirmou Kramer no artigo. Atualmente, continuou, diretores executivos de empresas de tecnologia já se sentam ao lado de secretários de estado e generais do exército.

E, embora a NATO e outras organizações de defesa tenham armas cibernéticas, nenhuma está preparada para lidar com as questões legais, éticas e táticas que surgem de uma nova realidade, “na qual nações e corporações se encontram lado a lado no campo de batalha virtual”, acrescentou.

“Sugerimos uma nova convenção de Genebra, que estabelecerá limitações aos alvos da guerra cibernética, como hospitais, asilos e escolas” e que pode gerar “um investimento coletivo em pesquisa e desenvolvimento, que nos forneça os sistemas de defesa cibernética mais avançados”, defendeu Kramer.

E continuou: “É uma tarefa difícil, mas muitas vidas estão em jogo para ficarmos de braços cruzados. A Big Tech se orgulha de ter influenciado todos os setores humanos existentes, desde assistência médica a finanças e logística. Já é hora de aprendermos a influenciara guerra”.

Taísa Pagno //

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