Os “patinhos feios” do oceano também precisam de ser salvos — mas caem no esquecimento

Quando se trata de esforços de conservação, são os peixes menos atraentes que mais precisam mais do nosso apoio, revela um novo estudo.

Se a Terra tem 100 milhões de espécies e a taxa de extinção é de apenas 0,01% por ano, isto significa que pelo menos 10 mil espécies são levadas à extinção todos os anos. Esta é a previsão mais otimista da WWF, cujos especialistas calculam que a taxa de extinção pode rondar os 0,1%.

Muitas vezes as espécies mais “bonitas” servem de bandeira à luta pela conservação da biodiversidade, embora os peixes que consideramos “pouco atraentes” costumem ser mais ecologicamente importantes.

As conclusões são de uma equipa internacional de investigadores. Os resultados foram publicados esta semana na revista científica PLOS Biology.

Espécies com coloração parda e corpos alongados foram consideradas menos esteticamente agradáveis, mas também eram as mais ameaçadas de extinção e mais em risco de exploração pela pesca, detalha a revista Science Focus.

Mas o que é que torna um peixe mais ou menos bonito do que outro? Sendo a beleza um conceito subjetivo, os investigadores pediram a um grupo de voluntários que decidisse qual era o peixe mais bonito para cada um de 30 pares de imagens.

A partir daí, a equipa desenvolveu um algoritmo que poderia identificar os atributos de um peixe “bonito” e passou a classificar mais de 4.000 fotos de peixes. Os resultados mostraram que, tipicamente, os peixes brilhantes e coloridos, com corpos mais redondos, tendiam a ser classificadas como os mais bonitos.

“Acho a palavra ‘feio’ muito forte, mas obviamente é mais cativante do que ‘menos atraente’, que usamos no nosso estudo. É por isso que os exemplos não correspondem ao que os leitores têm em mente — se pesquisar no Google ‘peixe feio’, encontrará imagens muito diferentes das que estão aqui”, explica o coautor Nicolas Mouquet.

Entre os chamados peixes pouco atraentes determinados pelo estudo estavam a anchova (Pomatomus saltatrix), o bodião (Sebastes paucispinis) e o Lithognathus lithognathus, espécie endémica da África do Sul.

Para determinar a importância ecológica de diferentes espécies, os ecologistas compararam as características dos peixes para determinar quão únicos eram. Descobriu-se, assim, que as espécies mais únicas acabaram por ser as mais simples.

Daniel Costa, ZAP //

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