/

Hieróglifos do túmulo de Tutankhamon mostram novas evidências de Nefertiti

1

Hieróglifos descobertos no túmulo de Tutankhamon trazem de volta a teoria da passagem para outra câmara funerária, ocupada pela rainha Nefertiti.

Os egiptólogos voltaram a por a hipótese de o túmulo de Tutankhamon fazer parte de uma estrutura bem maior, na qual a rainha Nefertiti, mulher do seu pai, o revolucionário Akhenaton, também está sepultada.

Nefertiti foi uma rainha da XVIII dinastia do antigo Egito, principal esposa do faraó Amenófis IV, mais conhecido como Akhenaton. A rainha Nefertiti viveu entre 1370 e 1330 a.C. e era a mãe de Tutankhamon, ou rei Tut.

A rainha egípcia ficou famosa após a descoberta do seu busto, um dos objetos mais copiados da arte do antigo Egito. Mas o seu túmulo nunca foi encontrado — ou, pelo menos, não oficialmente.

O arqueólogo britânico Nicholas Reeves defende que o túmulo do jovem faraó esconde uma passagem para outra câmara funerária ocupada pela rainha Nefertiti.

Já não é a primeira vez que o arqueólogo britânico defende esta teoria, sendo que em 2015 afirmou pela primeira vez que estava convencido de que as paredes do túmulo descoberto por Howard Carter há precisamente 100 anos ocultavam o acesso à câmara funerária de Nefertiti.

Reeves acredita que a rainha está escondida numa câmara funerária, bem debaixo dos nossos narizes: ao lado do túmulo do famoso rei Tutankhamon, filho de Akhenaton com outra mulher.

Uma equipa de arqueólogos encontrou em 2020 potenciais evidências de câmaras ocultas por trás das paredes do famoso túmulo de Tutankhamon, no Vale dos Reis.

Os investigadores, liderados por Mamdouh Eldamaty, ex-ministro das Antiguidades egípcio, examinaram as paredes do túmulo com tecnologia de radar penetrante no solo, revelando informações sobre o que está por trás de objetos opacos.

Ainda em 2015, Reeves, um dos mais respeitados arqueólogos a trabalharem no Egipto, baseava a sua teoria na observação de imagens de alta resolução, recolhidas por uma empresa responsável pela construção de uma réplica do túmulo do jovem faraó, que tecnicamente tem a designação KV62.

As imagens geradas por scanners 3D de última geração permitiram ao arqueólogo britânico identificar rachas e fissuras na parede rebocada do seu interior — vestígios que considerou estarem relacionados com portas ocultas.

Reeves, agora professor na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e antigo curador das coleções egípcias do Museu Britânico, em Londres, recuperou a teoria, desta vez baseado no que os hieróglifos têm ainda para mostrar.

O docente acredita que há mais hieróglifos para além dos que vemos hoje, que mostram Tutankhamon a participar dos rituais fúnebres da rainha Nefertiti – os que estão visíveis representam o faraó Ai junto à múmia do jovem rei que veio substituir.

“Agora posso provar que, por baixo das de Ai estão representações do próprio Tutankhamon”, sublinhou Reeves ao The Guardian.

“Na sua versão anterior, a cena representada mostra Tutankhamon a executar ritos funerários dirigidos ao dono original deste túmulo, o seu antecessor imediato… Nefertiti”, acrescenta ao jornal britânico.

O egiptólogo refere-se aos hieróglifos da parede norte do túmulo, em que Ai surge a fazer parte do ritual de “abrir a boca” da múmia para restituir ao rei morto os cinco sentidos, explica Reeves, que acredita fazer muito mais sentido representar a antecessora do faraó junto à múmia do jovem rei, do que o seu sucessor.

Os hieróglifos são toda a base que sustenta esta teoria, porque as figuras representadas seguem os traços faciais associados a Nefertiti e a Tutankhamon.

“Sempre ficámos intrigados com o túmulo de Tutankhamon por causa da sua forma estranha. É muito pequeno, longe daquilo que se esperaria do túmulo de um rei”, acrescenta o docente, lembrando que as análises feitas ao local nos últimos anos apresentam resultados promissores, aproximando-o cada vez mais da confirmação de uma outra câmara funerária, segundo avança o Público.

O egiptólogo sabe que a sua teoria está longe de ser consensual, mas não deixa de insistir – o espaço onde Tutankhamon foi sepultado é, na sua opinião, a secção externa de um túmulo muito maior, que começou por ser ocupado pela rainha Nefertiti, cujas câmaras funerárias permanecem desconhecidas.

Alice Carqueja, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.