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Até à Páscoa “as coisas devem ficar como estão”, diz António Lacerda Sales

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José Sena Goulão / Lusa

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales

O Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu, em entrevista ao SAPO24, que foram cometidos erros desde o início da pandemia e defendeu que até à Páscoa “as coisas devem ficar como estão”.

Um ano depois de terem sido detetados os primeiros casos positivos de covid-19 em Portugal e numa altura em que o país, que já conta com mais de 16 mil mortes associadas ao coronavírus, recupera alguma estabilidade no que diz respeito ao número de casos diários, António Lacerda Sales diz-se “feliz” pela “esperança” recuperada com o mais recente confinamento.

“Diria que, neste momento, temos um confinamento com esperança. É nisso que estamos a investir, é nisso que neste momento todos os portugueses estão a investir, em podermos ter um dia como esse três de agosto, o mais rapidamente possível”, disse o Secretário de Estado da Saúde em declarações ao SAPO24, referindo-se ao dia em que se emocionou numa conferência de imprensa ao anunciar que não havia qualquer óbito por covid-19 a registar. Desde então, sete meses depois, nunca mais voltou a acontecer.

Lacerda Sales assume que foram cometidos erros e que o Governo não fez “tudo bem”, considerando, no entanto, que se tem feito uma “gestão adequada da pandemia” e que “os portugueses percebem isso”.

“O Governo, como todos os governos na Europa, toma decisões com base naquilo que é a informação mais consolidada possível e aquela que é a evidência mais científica possível. Todos os governos têm de gerir a pandemia nesse cenário de incerteza porque esta pandemia não traz manual de instruções”, disse.

“De qualquer das formas fizemos a nossa aprendizagem”, continuou o governante, explicando que o desconfinamento não deverá acontecer antes da Páscoa.

“A Páscoa, como o Natal, são sempre épocas de fluxos de grande mobilização social. Devemos evitá-los (…) Nesta fase, as coisas devem ficar como estão neste momento”, disse ainda.

Além de evitar os ajuntamentos da Páscoa, só desconfinando de forma gradual e faseada, com uma estratégia de testagem “massiva” e “maciça” é que será possível voltar a recuperar alguma normalidade.

Lacerda Sales garantiu ainda que a capacidade de testagem não diminuiu, o número de contágios é que caiu: “Somos o sétimo país que mais testa na Europa, temos mais de oito milhões de testes efetuados no país, testamos mais de 780 mil por milhão de habitantes”.

Apesar de confiante no processo de vacinação, e na recuperação do atraso provocado pelas quebras nas produções de vacinas, o governante avisou que tão cedo a vida não regressará ao velho normal.

“Acho que isso ainda está longe porque mesmo após a vacinação nós temos que perceber que temos de manter um conjunto de regras: máscara, higienização, álcool gel, distanciamento físico… Toda esta aprendizagem vamos ter de manter mesmo depois de estarmos vacinados, porque temos que pensar nos outros”, atirou.

Questionado sobre a possibilidade de substituir a ministra da saúde, um dos elementos mais escrutinados ao longo da pandemia, Lacerda Sales apressou-se a defender Marta Temido: “A senhora ministra da Saúde é uma excelente ministra da Saúde. Acima de tudo, pela sua grande capacidade de trabalho”.

“Estou com ambição de colaborar com a senhora ministra, de forma coesa, para levarmos a bom termo esta perceção”, disse o governante, admitindo, porém, que nunca recusará nada que o país lhe peça.

Nunca recusarei nada que o meu país me peça. Nunca recusarei nada a qualquer nível de missão pública”, concluiu.

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

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