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O adeus do Reino Unido. Parlamento Europeu aprova Brexit

Stephanie Lecocq / EPA

O Parlamento Europeu aprovou hoje, em Bruxelas, o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia, a última formalidade que faltava para que o ‘Brexit’ se concretize na próxima sexta-feira, 31 de janeiro.

Numa votação em que bastava uma maioria simples dos votos expressos, o Parlamento Europeu “carimbou” a saída do Reino Unido da UE com 621 votos a favor, 49 contra e 13 abstenções.

Três anos e meio depois de o ‘Brexit’ ter sido decidido num referendo por 52% dos eleitores, em junho de 2016, o processo, marcado por sucessivas rejeições do Acordo de Saída pelo parlamento britânico, que finalmente deu o seu aval após a clara vitória do conservador Boris Johnson nas eleições de dezembro passado, chega então ao fim, com a saída do Reino Unido do bloco europeu a concretizar-se na próxima sexta-feira, às 23:00 de Londres (mesma hora em Lisboa, 00:00 de 1 de fevereiro em Bruxelas).

No sábado, 1 de fevereiro, iniciar-se-á o chamado “período de transição”, até 31 de dezembro de 2020, durante o qual as duas partes negociarão a relação futura, já que nesse dia o Reino Unido tornar-se um “país terceiro” para a UE, depois de protagonizar aquele que é o primeiro abandono da história da União Europeia, que passa a contar com 27 Estados-membros.

No debate de despedida, a eurodeputada escocesa dos Verdes, Molly Scott Cato, emocionou-se. “Tenho no coração o sentimento de que um dia voltarei a esta câmara, para celebrar nosso regresso à Europa”, atirou.

“Foi esse o mandato que os eleitores do meu país me entregaram”, disse também a eurodeputada do partido nacionalista escocês, Aileen McLeod, após anunciar o seu voto contra o acordo de saída. Segundo a TSF, houve ainda vários eurodeputados britânicos que se despediram com a expressão francesa “a bientôt!”, que significa “até breve”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, notou também com pesar a saída dos britânicos: “Nunca deixarão de fazer parte da nossa família”.

“Como presidente da Comissão Europeia, antes de mais quero prestar tributo a todos os britânicos que contribuíram tanto durante quase meio século de pertença do Reino Unido à UE, e penso em todos aqueles que nos ajudaram a criar as nossas instituições, pessoas como o comissário Arthur Cockfield, conhecido como o ‘pai’ do nosso Mercado Único, ou Roy Jenkins, presidente da Comissão Europeia que fez tanto para abrir caminho à nossa moeda única”, disse ainda von der Leyen, citada pelo DN.

A presidente da Comissão Europeia reconheceu ainda que este acordo é o primeiro passo, mas que agora começam as negociações para uma nova parceria. “Eu quero que a União Europeia e o Reino Unido sejam bons amigos e bons parceiros“, confessou.

Momentos após se conhecer a decisão, a líder do grupo dos Socialistas & Democratas, Iratxe García, assim como o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, evocaram a memória de Jo Cox, a deputada britânica, assassinada durante a campanha para o referendo. “Continuaremos a lutar pela Europa que ela morreu a defender”, prometeu García.

O eurodeputado belga Guy Verhofstadt, presidente do grupo de contacto durante todas as negociações do Brexit realçou que “é triste ver sair um país que por duas vezes nos libertou, que por duas vezes deu o próprio sangue para libertar a Europa“.

“Esta votação não é adeus, é apenas um até mais ver”, acrescentou Verhofstadt no fim do seu discurso.

Por sua vez, Nigel Farage, líder do partido responsável pelo Brexit, salienta que este é o “capítulo final, o final do caminho” e que o Reino Unido chegou a um ponto sem retorno, onde não há volta a dar.

Espero que seja o início do fim deste projeto, antidemocrático, que dá às pessoas poder sem elas serem responsabilizadas perante o eleitorado”, disse. Os gritos de felicidade entre os apoiantes do Brexit não se contiveram e ouviram-se dentro da sala.

Michel Barnier, o principal negociador da União Europeia para o Brexit, desejou felicidades ao Reino Unido. “Vamos continuar este ano com o mesmo estado de espírito, defendendo com a maior firmeza os interesses quer da União Europeia, quer dos Estados-membros”, reforçou.

ZAP // Lusa

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