/

“Palhaço que vai nu”. Milionário chinês que criticou Xi Jinping foi condenado a 18 anos de prisão

1

Yun Yue / EPA

Ren Zhiqiang

Um milionário que criticou diretamente o Presidente da China, Xi Jinping, pela forma como geriu a epidemia do novo coronavírus, foi hoje condenado a 18 anos de prisão, anunciou um tribunal do país asiático.

O ex-presidente do Huayuan Group, Ren Zhiqiang, deixou de ser visto em público em março, depois de ter publicado um texto na Internet, no qual se referiu ao chefe de Estado chinês e secretário geral do Partido Comunista da China como um “palhaço que vai nu”, mas “determinado a passar por imperador”.

Sob a direção de Xi, o PCC voltou a penetrar na vida política, social e económica da China, enquanto o poder se centrou na sua figura, abdicando do processo de consulta coletiva estipulado por Deng Xiaoping, o arquiteto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo nos anos 1980.

Ren, de 69 anos, foi condenado por corrupção, suborno, desvio de fundos públicos e abuso de poder, anunciou o Tribunal Popular Intermédio n.º 2 de Pequim, através da sua conta oficial nas redes sociais. O milionário disse que não vai recorrer da sentença, segundo o mesmo comunicado.

Em julho, o ex-presidente do Huayuan Group, uma das maiores construtoras da China, foi expulso do Partido Comunista. Num comentário difundido online, antes de ser censurado, em fevereiro passado, Ren Zhiqiang considerou que a crise de saúde pública constituiu uma “crise de governação” e criticou a falta de liberdade de imprensa e de expressão no país asiático.

Ren criticou a propaganda do regime, que retrata Xi Jinping e outros líderes como os salvadores da China, sem mencionar como o surto começou ou os possíveis erros, incluindo a supressão de informação crucial no estágio inicial. O milionário teve um início de carreira nas forças armadas chinesas, e os seus pais foram ambos altos quadros do Partido Comunista.

No últimos tempos, dezenas de jornalistas, defensores dos direitos humanos e laborais foram condenados à prisão, num esforço para reprimir a sociedade civil. Ainda no início deste mês, os EUA acusaram a China de assediar e reprimir jornalistas estrangeiros.

Morgan Ortagus, a porta-voz da diplomacia norte-americana, referiu na altura que “há várias décadas que a China ameaça, persegue e expulsa jornalistas norte-americanos e estrangeiros”.

ZAP // Lusa

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.