Os países que perderam mais (ou menos) com a inflação

Dados do Eurostat revelaram que os países cujos trabalhadores mais perderam rendimento devido à elevada subida dos preços foram a República Checa (-11,8%), a Estónia (-10,3%) e a Letónia (-10%).

Segundo uma análise do Observador aos dados do Eurostat mostrou que, no caso português, entre abril e junho os custos das empresas com salários (excluindo contribuições sociais) subiu 5,6%, acima da média da União Europeia (UE), que ficou pelos 4,5%.

Nesse campo, Portugal está ao nível de países como a Bélgica (+5,5%), a Alemanha (+5,5%) ou a Eslováquia (+5,7%), que também registaram valores de inflação semelhantes ao nacional. O indicador português dos custos salariais está influenciado pelo aumento do salário mínimo que, em 2022, subiu 6% para 705 euros.

Ouvido pelo jornal diário, o economista João Cerejeira, especialista em mercado de trabalho e professor na Universidade do Minho, disse que em alguns países, como os do Báltico, a inflação escalou muito mais significativamente e ultrapassou os 16%. É esse o caso da Estónia (20,4%), da Letónia (16,4%) ou da Lituânia (18,5%).

Já Catarina Martins, economista do ‘think tank’ Bruegel, referiu que a “França é de certa forma bastante auto-suficiente em energia porque tem centrais nucleares, produz muito da sua própria energia. Nos países do Báltico são mais dependentes, foram muito afetados com a subida dos preços”.

Em Portugal, na média do trimestre, segundo os cálculos do Observador com base no índice harmonizado de preços no consumidor, a inflação fixou-se em 8,2% (face ao período homólogo) devido aos preços da energia, um valor semelhante à Alemanha (também 8,2%) e Irlanda (8,4%).

O aumento de custos salariais de, em média, 5,6% permitiu compensar essa perda mas apenas em parte, ditando uma perda de poder de compra de 2,6%. Este valor difere daquele que o Instituto Nacional de Estatística (INE) calculou para Portugal quanto ao segundo trimestre do ano, uma quebra de 4,6% no poder de compra e uma variação salarial, da remuneração brutal mensal média de 3,1%.

Com base nos dados do Eurostat, o país que perdeu mais foi a República Checa (uma inflação de 15%, com aumentos médios tímidos de 3,2%). Entre os mais afetados esteve também a Estónia, onde as subidas salariais médias ligeiramente acima de 10% não foram suficientes para compensar uma inflação de 20,4%.

Contudo, houve países que, perante altas taxas de inflação, responderam com aumentos salariais médios que permitiram compensar os trabalhadores: Hungria, Bulgária e Malta.

No segundo trimestre, a inflação na Bulgária chegou aos 13,4%, mas os custos salariais subiram 14,6%, impulsionado também pelo forte aumento do salário mínimo em 9,2%, no início do ano, para 363 euros. Feitas as contas, significa que houve um ganho de poder de compra em 1,2%.

Na Hungria, esse valor sobe para 3,9%, resultado de uma inflação de 11%, mas um incremento dos custos salariais em quase 15%.

Relativamente a Malta, a Comissão Europeia sublinhou, no verão, como o país limitou o aumentos dos preços energéticos em 2022, mas ainda assim assistiu a um aumento forte da inflação fruto dos impactos do aumento dos preços da energia nas cadeias mundiais, assim como dos preços das ‘commodities’.

Para Portugal, na segunda metade do ano, João Cerejeira não acredita que a situação venha a melhorar face ao trimestre anterior, até porque os salários tendem a ser negociados no início do ano.

ZAP //

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