Países como a Finlândia, a Noruega e a Dinamarca ocupam, geralmente, os primeiros lugares em rankings de felicidade e bem-estar. Mas, afinal, os nórdicos podem não ser assim tão felizes como pensamos.
De acordo com a BBC, uma nova pesquisa mostra que a felicidade nos países nórdicos está longe de ser um sentimento universal e que, na verdade, esta reputação está a esconder problemas significativos de muitos cidadãos, nomeadamente os mais jovens.
O relatório do Conselho de Ministros Nórdicos e do Instituto de Investigação da Felicidade de Copenhaga, na Dinamarca, baseou-se em dados recolhidos entre 2012 e 2016 para tentar construir uma imagem mais realista das chamadas “superpotências da felicidade”.
Através da realização de questionários, os investigadores pediram às pessoas que classificassem o nível de satisfação com a sua vida numa escala de 1 a 10. Os cidadãos que marcaram mais de 7 foram classificadas como “prósperos”, as que indicaram 5 ou 6 como “pessoas com problemas” e todos os que escolheram uma pontuação inferior a 4 foram enquadrados na categoria dos “sofredores”.
Um total de 12,3% das pessoas responderam que estão neste momento a lutar ou a sofrer, sendo que esse índice é ligeiramente maior nos jovens entre os 18 e os 23 anos (13,5%). O índice só não é mais alto do que o registado entre as pessoas com mais de 80 anos (16%), grupo que enfrenta outros adversidades, como problemas de saúde e solidão.
O relatório identificou que tanto a saúde, de forma geral, como a saúde mental está diretamente associada com as classificações. O desemprego, o salário e a sociabilidade também têm peso na hora de escolher nível de felicidade.
De uma forma geral, escreve a BBC, o relatório desafia a ideia de que somos mais felizes quando somos jovens.
Saúde mental
Os investigadores identificaram a saúde mental como uma das barreiras mais importantes para o bem-estar individual. E esse tipo de problemas foram identificados, sobretudo, entre os mais jovens.
“Cada vez mais jovens se sentem sozinhos, stressados e têm transtornos mentais”, disse um dos autores do relatório, Michael Birkjaear, ao The Guardian. “Estamos a observar que essa epidemia de transtornos mentais e de solidão está a chegar aos países nórdicos”.
Na Dinamarca, 18,3% das pessoas entre os 16 e os 24 anos indicaram que sofriam de problemas ligados à saúde mental. Esse número foi ainda maior – 23,8% – entre as mulheres dessa faixa etária.
A Noruega assistiu a um aumento de 40% no número de jovens que pedem ajuda por dificuldades relacionadas com a sua saúde mental nos cinco anos da pesquisa. O relatório diz ainda que na Finlândia, eleito o país mais feliz do mundo em 2018, o suicídio foi responsável por 35% de todas as mortes nessa faixa etária.
Outros padrões
Os autores do estudo afirmam que os salários altos acabam por “proteger” as pessoas de sentirem que estão a sofrer e também mostraram que os nórdicos têm três vezes mais probabilidades de escolherem um número baixo na escala de 1 a 10 se estiverem desempregados, especialmente os homens.
A investigação também indica que a falta de contacto social é um problema maior entre os participantes do sexo masculino do que para as mulheres.
Ainda que esta pesquisa revele um lado que os rankings de felicidade geralmente não mostram, o relatório compara a situação destes países com dados de outras nações.
Embora 3,9% das pessoas na região nórdica tenham citado níveis de “sofrimento”, essa taxa noutros países é bastante maior: 26,9% na Rússia e 17% em França.
Para além dos países citados, no grupo dos dez países mais felizes do mundo também se encontram países como a Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Austrália.