País “não se reconhece” nas palavras de Costa. Partidos afinados nas críticas à mensagem do primeiro-ministro

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Hugo Delgado / Lusa

Hugo Soares, líder parlamentar da bancada do PSD

Apesar da mensagem de confiança deixada pelo primeiro-ministro, partidos juntaram-se nas críticas a um discurso que entendem não traduzir o país real.

Como se de um coro bem afinado se tratasse, os representantes dos principais partidos políticos reagiram na noite de ontem à mensagem de Natal do primeiro-ministro, no qual António Costa reforçou que, apesar do clima de incerteza, há motivos para continuar a acreditar. No entanto, esta visão não podia ser mais dispare da do PSD, que teve em Hugo Soares o seu porta-voz na noite de ontem.

De acordo com o secretário-geral dos sociais-democratas, o que se viu foi um primeiro-ministro “de braços caídos“, “em pose mais natalícia”, mas sem nada propor para “resolver os problemas do país”. “Não teve uma palavra para os principais problemas das pessoas“, atirou Soares. “Cada vez mais pobre, com impostos no máximo e serviços públicos no mínimo”, avaliou o mesmo responsável partidário.

“[Costa esteve] hoje numa pose muito mais natalícia, ao contrário do que estamos habituados, mas quer quando quer usar palavras mais solidárias, quer quando há uma semana usava tom mais agressivo, não resolve problemas do país”, disse Hugo Soares. “Já não apresenta nada de novo ao país. Tivemos Costa de braços caídos, sem dizer ao país o que quer projetar. Portugal precisa mesmo de um novo caminho e este primeiro-ministro já não representa nem essa força nem esse caminho.”

Sem destoar muito do PSD, a Iniciativa Liberal criticou o “autoelogio” de António Costa, referindo que “nada disto os portugueses veem. Isto não é verdade [no caso das melhorias do SNS ou o crescimento do país]”. Para os liberais, o crescimento referido é insuficiente, assim como a recuperação nas aprendizagens das crianças ou até a atenção à sua saúde mental depois dos últimos anos. “A palavra confiança faz muito pouco sentido. Esta mensagem não dá qualquer confiança, porque Costa vem dizer que vai continuar no caminho que tem feito Portugal regredir“.

No espectro oposto, o PCP, pela voz de Jorge Pires, do comité central, concluiu que Costa tentou pintar uma imagem do país “em que os portugueses dificilmente se reconhecerão“. Criticou também o uso da palavra “confiança”, “mas a confiança passa por resolver o problema dos salários, da inflação, do aumento dos preços que leva à diminuição do poder de compra”, destacou. O discurso de Jorge Pires não acabou sem o dirigente comunista lembrar as propostas que o Governo tem recusado. “Não se pode falar em confiança no futuro” nestas condições, sem que o Governo “faça o que é necessário” quanto à situação que “preocupa o país real“.

Na reação do PAN, com Inês Sousa Real, mais uma chuva de críticas, desta feita em relação aos tópicos que foram deixados de fora, como é o caso das alterações climáticas, a subida da inflação e das taxas de juro, mas também pelas dificuldades do SNS. O PAN disse ainda esperar que o Plano de Recuperação e Resiliência, que considera uma “oportunidade única”, se desenvolva de forma justa e responsável. “Esperamos que haja abertura para ouvir a oposição e estar ao lado das famílias“.

A bonança só chegou, como seria de esperar, com a reação dos socialistas, proferida por João Torres, secretário-geral do partido, que deixou elogios ao “humanismo”, “justiça social”, mas também “determinação” do discurso do primeiro-ministro. “É por isso sempre oportuno enfatizar a importância de desejarmos e formularmos votos para que a paz regresse”, disse, reconhecendo, tal como António Costa, o impacto da guerra da Ucrânia na economia portuguesa e, consequentemente, nas questões sociais. Recusou ainda um caminho que passe pela austeridade em tempos de inflação.

“Temos provado de que perante uma crise as melhores soluções não são as que defende a direita e em particular o PSD, mas a solidariedade. João Torres rematou, dizendo que Portugal tem “sabido superar-se”, tanto na pandemia como no impacto da guerra.

ZAP //

8 Comments

  1. Olha o que achei, já vi estas caras nos tempos dos roubos de ferias, Feriados, nos tempos das Reformas em duodecimos, como O PSD está Velhinho, que se pode esperar do regresso deste tipo de governação de Montenegro Passos Coelho, liderados por Cavaco Silva, e com o apoio de BE, PCP, e Chega.
    Antes o PSD ainda tinha um Lider com Credibilidade, postura de Estado, hoje tem um Pendura atras do PR e do Moedas, muito parecido com o emplastro sempre que ve uma camara de televisao.

    • vc deve viver em outro Mundo, PSD com Apoio de BE e PCP? Caso se esqueça foi Graças ao PCP que foram Reintegrados os Feriados entre Outros na Altura da Geringonça , e o BE e PCP sempre foram de esquerda nunca de Direita e ainda quando diz que Cavado era apoiado pelos mesmos, vc percebe tanto de Politica como eu de Astro Fisica

  2. «…Porque a experiência demonstrou que as fórmulas políticas que temos empregado, plantas exóticas importadas aqui, não nos dão o governo que precisamos, lançaram-nos uns contra os outros em lutas estéreis, dividiram-nos em ódios, ao mesmo tempo que a Nação na sua melhor parte se mantivera, em face do Estado, indiferente, desgostosa e inerte…» – Oliveira Salazar

    • É que nem a verem diariamente roubos descarados ao povo, como é por exemplo agora mais o caso da ministra Alexandra Reis, abrem os olhos… tem aí gente como este “FA”, que continua a criticar o PSD e a apoiar este desgoverno com uma “FÉ” que até me dá arrepios… enfim, carrega que o povo gosta…

      • O pior é que esta malta que os apoia são os subsídio-dependentes em que é a nós que nos carregam (impostos) para lhes dar a eles (subsídios)… Mas quando a bolha rebentar, quero ver onde se agarram!
        Triste país o nosso…

  3. PM deve viver no país da Alice das Maravilhas!! O povo a passar mal com tamanha inflação, sendo a classe média a mais fustigada com a inflação e os impostos, como é que ele vem dizer que está tudo bem! Ele não está a roubar aos ricos para dar aos pobres, ele está a roubar a classe média com uma brutal carga de impostos e a dar a muitos que não querem trabalhar e já se viciaram nos subsídios. Ele está a “matar” a classe média.

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