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Osaka corta relações com São Francisco por causa de estátua de escravas sexuais

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John G. Mabanglo / EPA

Estátua em homenagem às “mulheres de conforto” colocada na Praça Saint Mary, no bairro de Chinatown em São Francisco

A cidade japonesa de Osaka ameaça cortar laços com São Francisco, depois de a cidade norte-americana ter aprovado a colocação de uma estátua em homenagem às “mulheres de conforto”.

Osaka e São Francisco, cidades geminadas há 60 anos, estão prestes a cortar relações. O presidente da câmara de São Francisco, Edwin M. Lee, aprovou a colocação de uma estátua, em setembro, em homenagem às mulheres que foram escravas sexuais do exército nipónico, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

O lado japonês não terá gostado e, na sexta-feira, o chefe de gabinete do governo japonês, Yoshihide Suga, afirmou que “a colocação de monumentos de ‘mulheres de conforto’ nos EUA e noutros países vai contra a posição de arrependimento que o Japão tem sobre o assunto”.

O governador da cidade japonesa de Osaka, Hirofumi Yoshimura, anunciou que iria pôr fim aos laços que tinha com a cidade americana de São Francisco, alegando que a confiança mútua “foi completamente destruída“. O governo de Osaka pretende enviar uma notificação formal a São Francisco em dezembro.

A estátua está colocada na Praça Saint Mary, no bairro de Chinatown em São Francisco. Segundo o Expresso, representa uma mulher coreana, uma chinesa e uma filipina, que estão de pé, com as mãos dadas, sob o olhar atento de Kim Hak-sun. A estátua retrata as jovens recrutadas pelo exército japonês para prestar serviços sexuais aos soldados.

A sul coreana Kim Hak-sun, que faleceu em 1997, foi uma defensora dos Direitos Humanos e a primeira mulher a dar o testemunho sobre a sua experiência como “mulher de conforto”, durante a ocupação japonesa na Coreia.

John G. Mabanglo / EPA

Kim Hak-sun representada na praça Saint Mary, em São Francisco

Cerca de 200 mil mulheres, principalmente coreanas e chinesas, foram forçadas a ser escravas sexuais, entre o início dos anos 30 e o fim da Segunda Guerra Mundial.

O Japão negou durante anos o sistema de escravidão sexual militar, até 1993, ano em que várias mulheres começaram a denunciar os abusos a que tinham sido sujeitas. O Japão pediu desculpa pelo sucedido.

Desde essa altura, dezenas de estátuas foram construídas em homenagem às “mulheres de conforto” em países como a Alemanha, Austrália e agora os EUA.

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3 Comments

  1. «o chefe de gabinete do governo japonês, Yoshihide Suga, afirmou que “a colocação de monumentos de ‘mulheres de conforto’ nos EUA e noutros países vai contra a posição de arrependimento que o Japão tem sobre o assunto”»
    Se o arrependimento fosse real, e não apenas de fachada, seriam os próprios japoneses a construir monumentos como este.

  2. Porque falam apenas no Japão e não falam nas violações em massa praticadas pelo exército Soviético?
    Aldeias havia que todas as mulheres, sem excepção, acima de 8 anos de idade foram violadas. Só na cidade de Berlim estima-se que 100 mil mulheres alemãs foram vítimas deste crime. Eram violadas em frente dos filhos, em frente do marido, ou em frente dos pais. Diversas vezes, por vários soldados, numa orgia de horror e humilhação. Isto ocorria com a complacência das hierarquias militares e políticas soviéticas. Muitas mulheres não suportariam o trauma e suicidaram-se. Outras esconderam esse terrível segredo durante todas as suas vidas. E não foram apenas alemãs. Polacas, Checas e mulheres de outras nações por onde o exército vermelho passou.

    Na parte Leste de Berlim existe um monumento ao soldado soviético desconhecido. Os berlinenses conhecem-no por outro nome: o monumento ao “violador soviético desconhecido”.

  3. Não percebo o que é que isso tem a ver com São Francisco (só por ser em China Town?) e porquê agora passado décadas. Assim sendo compreendo a posição do Japão. Parece que só o fizeram para agradar aos moralistas.

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